Um estudo comparativo entre Chernobyl e as bombas atômicas lançadas contra o Japão revela disparidades impressionantes na quantidade de material radioativo utilizado e em seus efeitos ambientais.
Enquanto a bomba Little Boy, que devastou Hiroshima, carregava 63 kg de urânio, Chernobyl utilizava impressionantes 180 toneladas do mesmo elemento – cerca de 2,8 mil vezes mais. Já a Fat Man, que arrasou Nagasaki, continha 6,4 kg de plutônio, outro elemento radioativo, mas empregava um mecanismo diferente, explicando sua modesta exigência de matéria-prima.
Além da discrepância na quantidade de urânio, outras variáveis importantes incluem o tempo prolongado que Chernobyl passou liberando resíduos no ambiente e a impregnação do solo por muitos desses contaminantes, em vez de sua dispersão pelo ar.
O material radioativo em Chernobyl estava destinado à fissão controlada para geração de energia elétrica. No entanto, no acidente, esse material foi exposto, liberando uma grande quantidade de urânio e seus produtos de fissão em uma ampla região, por um período prolongado. Segundo Rafael Garcia, pesquisador titular do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), “esses subprodutos são muito mais radioativos que o próprio urânio”.
Enquanto as bombas atômicas espalharam seus resíduos radioativos na nuvem em forma de cogumelo criada pela detonação, Chernobyl viu seu material vazar na superfície e penetrar no solo.
Atualmente, Hiroshima e Nagasaki são importantes centros urbanos, com 1,2 milhão e 430 mil habitantes, respectivamente. Em contrapartida, Chernobyl permanece desabitada, embora os níveis de radiação estejam apenas ligeiramente acima do normal, permitindo visitas de turistas curiosos e estadias breves.
Com informações de Exame