Após décadas de espera, Morretes recebe proposta do Governo Federal para resolver conflito ferroviário
A reunião marcou um passo histórico, com o Governo Federal apresentando alternativas inéditas, como a construção de uma trincheira ou viaduto, que podem fazer de Morretes um modelo nacional de equilíbrio entre transporte, turismo e segurança urbana
A cidade de Morretes deu um passo importante nesta quarta-feira, 22, para solucionar um problema histórico que afeta o cotidiano de seus moradores e, ao mesmo tempo, fortalecer o turismo e o transporte ferroviário.
Em Brasília, o prefeito Junior Brindarolli, acompanhado de vereadores e do deputado federal Aliel Machado, participou de uma reunião na Secretaria Nacional de Transportes Ferroviários, do Ministério dos Transportes, com o secretário nacional Leonardo Ribeiro.
O encontro resultou em uma proposta inédita do Governo Federal que pode transformar Morretes em referência nacional em mobilidade e segurança urbana.
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CONFLITO
Atualmente, o trem que cruza Morretes causa um conflito urbano que preocupa a população há anos.
“Temos um patrimônio ferroviário importante, mas ele não pode continuar sendo um obstáculo para quem vive em Morretes. Há um ano e meio estamos cobrando essa solução do Governo Federal, e hoje tivemos uma resposta concreta. A cidade não pode continuar refém da passagem do trem, por isso entrei nessa luta”, afirmou o deputado federal Aliel Machado.
Segundo ele, o trem é essencial para o escoamento da safra que segue ao Porto de Paranaguá e também movimenta o turismo regional, mas o traçado atual causa sérios impactos à vida das pessoas por não ter uma rota alternativa. Bairros como Rocio, Vila Ferroviária, Pantanal, Marumbi e América de Cima ficam completamente isolados quando o trem passa. O bloqueio pode durar mais de uma hora, travando o trânsito e a logística da cidade.
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PROJETO
Durante a reunião, o Governo Federal apresentou alternativas para resolver o impasse, incluindo a construção de uma trincheira (passagem subterrânea) ou de um viaduto (passagem elevada). As soluções estudadas buscam equilibrar segurança, fluidez no trânsito e preservação da atividade turística.
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Segundo Aliel Machado, o projeto está estimado em cerca de R$ 25 milhões, com possibilidade de execução por meio de recursos federais, indenizações contratuais da empresa Rumo — cuja concessão termina em 2027 — ou parcerias com o setor privado.
O prefeito Junior Brindarolli destacou o avanço que a proposta representa.
“Estamos tratando de um assunto que Morretes espera há muitos anos. Já tivemos acidentes graves, inclusive com mortes, amplamente divulgados pela imprensa estadual. É um transtorno diário para os moradores, e uma dívida antiga que tanto a União quanto a empresa Rumo têm com o município. Essa obra é cara, mas necessária. A população espera há muito tempo, por isso viemos a Brasília neste mês, para acelerar as
coisas e agora voltamos com essa notícia que nos deixou muito felizes”, destacou
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TURISMO
Brindarolli reforçou que alterar o traçado da ferrovia não é uma opção, pois o trem turístico é um dos principais atrativos da cidade, recebendo cerca de 250 mil visitantes por ano.
“Recebemos turistas de várias partes do Brasil e do mundo, e isso gera emprego e renda. Além disso, mudar a rota impactaria diretamente a área de Mata Atlântica, que é uma das riquezas ambientais da nossa região. Por isso, acolhemos com alegria a notícia de que é possível buscar alternativas como o viaduto ou a trincheira.”, destacou o prefeito.
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COMPROMISSO
O secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, garantiu o compromisso do Governo Federal com a pauta.
“A ferrovia que corta Morretes é estratégica tanto para o transporte de cargas para os portos do Paraná quanto para o turismo. Nosso objetivo é garantir a convivência entre esses dois usos, mas com segurança e qualidade de vida para a população. A primeira alternativa é uma passagem inferior, mas também estamos estudando a possibilidade de uma passagem superior”, afirmou.
Ribeiro explicou que o Governo Federal está trabalhando em um modelo de investimento cruzado, que permitirá utilizar recursos da repactuação da malha ferroviária paulista da empresa Rumo em obras estruturantes em outras regiões.
“Criamos a primeira conta vinculada do setor ferroviário, que pode permitir o uso desses recursos em soluções logísticas em outros estados. Morretes pode ser o primeiro caso do Brasil a receber esse tipo de investimento, o que reforça a importância do município como
exemplo nacional”, completou Ribeiro.
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PRÓXIMOS PASSOS
O próximo passo será uma reunião técnica entre as secretarias do Ministério dos Transportes — incluindo DNIT, ANTT e a Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário — para definir o formato da obra. Em seguida, o projeto será discutido com a empresa Rumo Logística e, posteriormente, encaminhado para análise e validação do ministro dos Transportes, Renan Filho.
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Com essa conquista, Morretes avança na busca por uma solução definitiva para um problema histórico e pode se tornar exemplo nacional de integração entre segurança, mobilidade e turismo sustentável.