Por Luiza Rampelotti
O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Litoral do Paraná (SINDEESP) convocou para esta quinta-feira (24) uma Assembleia Geral Extraordinária que pode resultar na deflagração de greve dos trabalhadores vinculados ao Consórcio Intermunicipal de Saúde do Litoral do Paraná (CISLIPA). A convocação ocorre em reação à recente decisão do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR), que determinou a suspensão dos aumentos salariais e da ampliação do vale-alimentação para R$ 1.500 concedidos aos servidores do consórcio.
A assembleia será realizada na sede do sindicato, em Paranaguá, com primeira chamada às 19h e segunda às 19h30. Estão convocados todos os empregados públicos celetistas contratados por prazo indeterminado pelo CISLIPA. Entre os principais pontos de pauta estão a discussão sobre a redução salarial e a supressão de direitos trabalhistas, a possibilidade de paralisação das atividades e a elaboração de uma pauta de reivindicações.
Em entrevista à Ilha do Mel FM, o presidente do SINDEESP, Jaime Ferreira dos Santos Viana, classificou a situação como grave e inesperada. “A gente não esperava que os próprios consorciados se voltassem contra o CISLIPA. Foi a própria estrutura do consórcio que provocou isso. O CISLIPA já nasceu com problemas. Desde a fundação, a marca é a má gestão”, afirmou.
A decisão do TCE-PR foi publicada no último dia 16 e atendeu a uma representação do Município de Pontal do Paraná, que denunciou supostas irregularidades na convocação e condução da assembleia do CISLIPA que aprovou os reajustes. O documento também aponta a ausência de estudos financeiros suficientes para justificar os aumentos. A Vara da Fazenda Pública de Paranaguá já havia determinado, em 14 de abril, a suspensão liminar dos reajustes, e o tribunal ratificou a medida.
Segundo Jaime, cerca de 120 trabalhadores estão diretamente impactados pela decisão. “São pessoas que já vivem uma realidade difícil, com salários baixos e sobrecarga de trabalho. Agora, além da ameaça de perderem direitos, correm o risco de ter seus salários suspensos. Isso é inaceitável”, declarou.
O presidente do sindicato também destacou que a convocação da assembleia está amparada no Parágrafo 7º do Artigo 12 do Estatuto Social do SINDEESP, que permite a deliberação sobre greve como mecanismo legítimo de defesa dos trabalhadores. “A assembleia é o espaço de decisão coletiva. Tudo será discutido e decidido com os trabalhadores. Não tomaremos nenhuma medida unilateral”, reforçou.
Jaime afirmou ainda que o sindicato está disposto a adotar todas as medidas necessárias para garantir os direitos da categoria, incluindo ações judiciais e mobilizações públicas. “A greve nunca é o primeiro recurso, mas neste momento não podemos ficar de braços cruzados. A população precisa de um atendimento de saúde digno, e isso passa por trabalhadores valorizados e respeitados”, concluiu.









