Por Luiza Rampelotti com entrevistas de Alex Vizine
Um cavalo encontrado atolado em um lamaçal no bairro Vila São Jorge, em Paranaguá, no último domingo (23), foi novamente localizado no mesmo local nesta quinta-feira (27), desta vez em estado grave. Apesar de ter sido resgatado com vida no fim de semana por equipes da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel), com apoio da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos e de moradores da região, o animal, chamado Baio, acabou não recebendo o atendimento necessário nos dias seguintes e precisou ser sacrificado nesta manhã.
De acordo com a secretária municipal de Serviços Urbanos, Chris Rosa, a situação do cavalo se agravou após a dona se recusar a permitir que o animal fosse levado para a sede da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, no Aeroparque, onde ele receberia atendimento especializado. “No domingo, ele foi retirado de lá, estava bem, estava firme, andando. Levamos a carrocinha até o local, mas a dona impediu o resgate. Ela alegou que na secretaria não cuidam direito, que os animais ficam no sol, na chuva, e não deixou levar o cavalo”, relatou Chris em entrevista à Ilha do Mel FM.
Com a negativa da tutora, o animal permaneceu exposto às intempéries, sem cuidados veterinários, o que agravou seu estado de saúde. “Ela não buscou ajuda. Negligenciou. O cavalo foi piorando até que hoje, quando voltamos ao local, ele já estava muito fraco, as patas estavam entortando, ele teve várias convulsões seguidas. Era visível o sofrimento”, afirmou a secretária, emocionada.
Segundo Chris Rosa, os médicos veterinários que acompanharam a ocorrência constataram que não havia mais chances de recuperação. “Eles me disseram: ‘Chris, vamos ter que sacrificar. Ele está sofrendo muito’. E aí seguimos o protocolo. Primeiro é aplicada uma injeção para que o animal durma, e só depois é feita a eutanásia. Ele não sofre”, explicou.

O corpo do cavalo será recolhido pela empresa responsável, a Pavi Service, e encaminhado para cremação em Curitiba. “Aqui em Paranaguá, nenhum animal é enterrado. Todos são levados para câmara fria e depois cremados, conforme determina a legislação”, destacou.
A secretária também comentou que avalia registrar um boletim de ocorrência por maus-tratos contra a tutora do animal. “É uma situação que nos deixa muito tristes, porque o atendimento foi oferecido, a estrutura estava pronta, e ainda assim o animal sofreu por negligência”, disse.
Chris aproveitou para convidar a população a conhecer a sede da Secretaria de Meio Ambiente, no Aeroparque. “Queremos quebrar esse tabu de que lá se maltrata os animais. Muito pelo contrário. Temos estrutura, vacinas, profissionais preparados e fazemos o possível com os recursos que temos. As portas estão sempre abertas para quem quiser conhecer o trabalho”, concluiu.
Vale destacar que negligenciar cuidados básicos pode configurar crime, conforme a Lei de Crimes Ambientais (nº 9.605/1998), que prevê pena de detenção e multa em casos de maus-tratos.