Por Luiza Rampelotti
Durante entrevista à Ilha do Mel FM, na manhã de terça-feira (15), o prefeito de Paranaguá, Adriano Ramos (Republicanos), fez um balanço dos primeiros 100 dias de governo e tratou dos principais desafios enfrentados pela Rede Municipal de Educação. Ele comentou a situação das escolas interditadas por problemas estruturais, a ausência do ensino em tempo integral e as dificuldades enfrentadas pela comunidade escolar. Na ocasião, também anunciou que a gestão estuda contratar vagas em instituições da rede privada como alternativa emergencial para ampliar o atendimento, especialmente às famílias que dependem da escola em tempo integral.
Escolas interditadas seguem sem reformas efetivas
Logo no início do ano letivo, seis escolas da rede municipal foram parcial ou totalmente interditadas devido a problemas estruturais graves. Segundo o prefeito, as unidades apresentavam condições insalubres e inseguras para o atendimento de crianças. “Vamos pegar o Leôncio Correia, no meu bairro. Como ficou oito anos daquele jeito?”, questionou Adriano.
O prefeito informou que a Secretaria Municipal de Educação está concluindo um levantamento técnico sobre as condições estruturais das escolas e as intervenções necessárias em cada unidade – etapa considerada essencial para a abertura de um novo processo licitatório. Segundo ele, embora exista um contrato vigente com saldo disponível de R$ 15 milhões para manutenção predial, a Prefeitura optou por não utilizá-lo devido à baixa qualidade dos serviços prestados. A empresa responsável, a SWB Prevenção Contra Incêndio, foi contratada em 2023 por meio da Concorrência nº 004/2023, com contrato válido até junho de 2025, no valor total de R$ 17,2 milhões. O objeto do contrato é a prestação de serviços de manutenção predial (preventiva, corretiva e conservação) nos prédios públicos municipais, incluindo o fornecimento de materiais, mão de obra e equipamentos.

No entanto, de acordo com Adriano Ramos, os serviços executados até agora foram considerados insatisfatórios e com custos elevados. “Era um serviço horroroso e com valor salgadíssimo. A gente não vai seguir com quem não entrega um serviço de qualidade. Preferimos esperar o fim do contrato e abrir uma nova licitação”, afirmou. Dessa forma, até o momento, as obras nas unidades interditadas ainda não foram iniciadas. Enquanto isso, os estudantes estão sendo atendidos provisoriamente em escolas próximas, como forma de garantir a continuidade do ano letivo.
Ensino integral sem prazo para retomada
Um dos principais questionamentos feitos por pais de alunos diz respeito ao início do ensino em tempo integral, que vinha funcionando regularmente nos últimos anos, mas que, neste ano letivo, ainda não foi implantado. Adriano afirmou que a escola em tempo integral segue como um compromisso de campanha, mas admitiu que não há prazo definido para sua retomada.
“Temos que ter escola o tempo todo para as nossas crianças. Mas como vamos ter se mais de 100 professoras se aposentaram nos últimos anos e não temos estrutura nem pessoal suficiente?”, argumentou. O prefeito explicou que há um limite de gastos com pessoal imposto pelo Tribunal de Contas e que, diante da atual situação da rede, a Prefeitura não consegue contratar os profissionais necessários.
Estudo para contratação de vagas na rede privada
Em primeira mão à Ilha do Mel FM, o prefeito anunciou que a Secretaria de Educação está finalizando um estudo para viabilizar a contratação de vagas em escolas privadas como forma emergencial de garantir o atendimento às crianças. “Outros municípios e estados estão adotando essa estratégia. É mais rápido do que construir novas escolas ou ampliar salas de aula, o que exige tempo e investimento”, explicou.
Adriano informou que uma definição sobre esse estudo deve ocorrer ainda nesta semana. A medida busca responder com agilidade à demanda urgente por vagas, especialmente diante da ausência de infraestrutura adequada e do déficit de profissionais na rede pública.
Prefeito denuncia irregularidades na alimentação escolar
O prefeito também comentou irregularidades no fornecimento da merenda escolar. Ao visitar uma creche, observou que, apesar de o Município pagar por pão de queijo e café com leite, as crianças estavam recebendo suco com biscoito de polvilho. “Nós estamos pagando por um serviço que não está sendo entregue. Isso não pode acontecer. A alimentação escolar é parte da segurança alimentar das nossas crianças”, alertou.
O prefeito se referiu à empresa Risotolândia Indústria e Comércio de Alimentos, contratada em 2022 por meio da Concorrência nº 026/2022 para prestar o serviço de alimentação escolar na rede pública municipal. O objeto do contrato prevê a preparação das refeições, incluindo o fornecimento de gêneros alimentícios (…), além da disponibilização de mão de obra capacitada para o armazenamento, preparo e distribuição da merenda aos alunos matriculados.
O contrato teve início em agosto de 2022 e vem sendo aditivado ao longo do tempo. Atualmente, está vigente até julho de 2025, com valor atualizado de R$ 43.995.376,00.
Desafio geracional
Encerrando a fala sobre educação, Adriano fez uma reflexão sobre o impacto da gestão pública na formação das novas gerações. “Se um prefeito fica oito anos no cargo, ele acompanha uma criança dos 5 aos 13 anos. Ou ele abençoa uma geração, ou a amaldiçoa. Eu não quero sair daqui e ver os índices de criminalidade crescerem porque a base foi negligenciada”, concluiu.
Enquanto pais aguardam respostas, a administração promete agir, mas reconhece que os avanços virão a médio e longo prazo.








