Poe Elano Squenine sob supervisão de Luiza Rampelotti
O Conecta LGBTI+ é um empreendimento social criado para atuar de forma diplomática e moderada no diálogo com o poder público e as empresas. A organização tem duas frentes principais de atuação: advocacy em Brasília, com sensibilização e influência sobre deputados federais, senadores, autarquias e o Supremo Tribunal Federal (STF); e o engajamento corporativo, promovendo palestras e treinamentos sobre diversidade, inclusão, equidade e pertencimento (DIEP) e práticas ESG.
Agora, a entidade se mobiliza diante de um novo desafio: os recentes anúncios do CEO da Meta, Mark Zuckerberg, de eliminar equipes de verificação de fatos no Instagram e Facebook e descontinuar políticas de diversidade e inclusão. Para o Conecta LGBTI+, essas decisões representam um retrocesso alarmante e uma ameaça à construção de uma sociedade mais justa.
Preocupação com retrocessos
Segundo o parnanguara João Renato, cofundador do Conecta LGBTI+, há um crescente desmonte de programas de diversidade dentro das empresas, impulsionado por um viés ideológico que associa a pauta da inclusão a uma agenda política específica.
“A diversidade não pertence nem à direita nem à esquerda. É uma pauta de direitos humanos e da sociedade civil. Equipes diversas elevam a performance das empresas e trazem inúmeros benefícios. No entanto, temos observado um ‘horror’ crescente em relação a esse tema, que é fundamental e urgente”, afirmou em entrevista à Rádio Ilha do Mel FM.
Além disso, João Renato destacou que a suspensão das práticas woke (ações afirmativas de diversidade) e o desmonte da verificação e monitoramento de conteúdo na Meta são extremamente preocupantes.
“As redes sociais já são usadas para disseminação de fake news e discurso de ódio. Essas novas diretrizes da Meta vão apenas inflamar e validar essas práticas criminosas. No Brasil, a LGBTI+fobia é criminalizada pela Lei do Racismo (Lei 7.716/1989), e permitir a propagação desses discursos é abrir espaço para crimes contra a população LGBTI+ e outros grupos vulneráveis”, alertou.
Manifesto e articulação com empresas e movimentos
Diante desse cenário, o Conecta LGBTI+ está articulando um manifesto contra os retrocessos na diversidade e inclusão promovidos pela Meta, que será publicado nesta quinta-feira, 9, às 18h.
“Somos mais de 60 entidades signatárias do manifesto, incluindo consultorias de diversidade, movimentos sociais, coletivos, empresas privadas e autarquias. Entre os apoiadores, está o Sleeping Giants. Já estamos em contato com a diretoria de People e ESG da Meta e encaminharemos o documento no dia 10. Nossa expectativa é que, ao menos no Brasil, a legislação vigente seja respeitada”, explicou João Renato.
O Brasil segue entre os países mais violentos para pessoas LGBTI+, e a decisão da Meta pode amplificar a violência contra grupos vulneráveis, como pessoas LGBTI+, pessoas com deficiência, imigrantes, mulheres, indígenas e pessoas negras.
João Renato, que também é psicólogo formado pela FAE, destacou que a flexibilização das políticas da Meta pode afetar a saúde mental da população.
“As redes sociais fazem parte do cotidiano das pessoas. Comentários de ódio e exposição online podem gerar sofrimento psíquico e prejuízo social para as vítimas”, afirmou.
O cofundador do Conecta LGBTI+ também alertou para um movimento global de empresas que estão reduzindo ações de diversidade para se alinharem a governos de extrema direita, fenômeno que ele chamou de “movimentação pendular”.
Por fim, ele reforçou que o Conecta LGBTI+ é um empreendimento social e que a campanha do manifesto requer apoio financeiro para subsidiar sua atuação no STF como amicus curiae.
“As doações financeiras são essenciais para mantermos nosso trabalho e seguirmos na luta pelos direitos da comunidade LGBTI+”, concluiu.
O Conecta LGBTI+ convida a sociedade civil, empresas e movimentos sociais a unir forças e participar dessa mobilização. Acreditar que um posicionamento público consistente é crucial para garantir que o progresso em termos de diversidade e inclusão seja interrompido e ampliado.
Segue o texto oficial do manifesto:
O Conecta LGBTI+ é um empreendimento social que atua por meio de consultoria especializada em DIEP (diversidade, inclusão, equidade e pertencimento), ESG nas empresas e na geração de impacto social na comunidade. Além disso, temos o status de amicus curiae do Supremo Tribunal Federal em temas relacionados aos Direitos Humanos da Comunidade LGBTI+.
Nossa visão é garantir que uma tomada de decisão nas empresas e na política seja responsiva, inclusiva, participativa e representativa, a fim de promover a igualdade de oportunidades para pessoas diversas.
Após os anúncios realizados por Mark Zuckerberg (Meta) de dispensar verificadores de fatos no Instagram e Facebook, além de eliminar políticas e práticas de diversidade e inclusão, o Conecta LGBTI+ está articulando com empresas, movimentos, coletivos e instituições públicas um Manifesto de Sugestão a Zuckerberg.
Em nome da responsabilidade social e do nosso notório poder de influência política, é imperativo presenciarmos essas movimentações internacionais e não pensarmos nos impactos nacionais que poderão se somar aos já existentes.
Neste momento, Parcerias do Pessoas Conectadas encontram-se em articulação do Manifesto. A previsão de postagem no LinkedIn e no Instagram do @conecta__LGBTI+ será no dia 01/09/2025, às 12h .
Acreditamos que é extremamente propositivo que a sociedade civil, juntamente com movimentos e empresas, manifestem publicamente suas preocupações e alertas em relação aos novos posicionamentos institucionais de um conjunto de redes sociais que impactam a vida de milhões de pessoas.
Para mais informações, acompanhe o Conecta LGBTI+ nas redes sociais:
Instagram e LinkedIn: @conecta__LGBTI+