Um recente estudo conduzido por pesquisadores das renomadas Universidades Federal do Paraná (UFPR) e de São Paulo (USP) trouxe à tona uma descoberta alarmante: a presença significativa de biomídias plásticas em praias do litoral paranaense. Essas biomídias, pequenas peças plásticas perfuradas utilizadas na indústria de saneamento para o tratamento de águas residuais, foram encontradas em quantidades preocupantes em diversas localidades, incluindo áreas de conservação ambiental.
Desde agosto de 2023, equipes de pesquisa têm monitorado a presença dessas partículas nas praias de Pontal do Sul, resultando na descoberta de 749 biomídias em 11 das 14 praias amostradas na região costeira do Paraná. A descoberta é pioneira no litoral brasileiro e acende um alerta para a contaminação plástica em nossos ecossistemas marinhos.
A investigação começou quando um morador de Pontal do Sul encontrou uma grande quantidade dessas peças plásticas na praia e alertou as autoridades locais. A partir desse ponto, os pesquisadores mergulharam em um estudo minucioso, que já identificou mais de 2 mil biomídias desde o início das coletas.
A distribuição dessas biomídias sugere uma possível origem em estações de tratamento de águas residuais no Complexo Estuarino de Paranaguá, onde é utilizada a tecnologia Moving Bed Biofilm Reactor (MBBR). Esta tecnologia, amplamente adotada em estações de tratamento ao redor do mundo, oferece eficiência na purificação da água, mas o descarte inadequado das biomídias pode resultar em danos ambientais significativos.
Os riscos associados à presença dessas partículas plásticas não podem ser subestimados. Além de representarem perigos iminentes para a vida marinha, as biomídias podem se fragmentar em microplásticos, aumentando sua interação com organismos marinhos e a cadeia alimentar. Tartarugas, aves marinhas e peixes são particularmente vulneráveis à ingestão acidental desses resíduos, o que pode causar danos sérios à saúde desses animais.
Diante desse cenário preocupante, os pesquisadores enfatizam a importância de medidas preventivas e colaborativas para mitigar a poluição plástica em nossos ambientes costeiros e marinhos. Um manejo cuidadoso nas estações de tratamento de águas residuais, juntamente com a cooperação entre autoridades locais e responsáveis pela gestão dessas instalações, é fundamental para evitar a introdução dessas partículas no meio ambiente e proteger nossa vida marinha.
Essa descoberta reforça a necessidade urgente de ações concretas para preservar nossos ecossistemas costeiros e marinhos, garantindo um futuro sustentável para as gerações futuras.
Com informações de UFPR