A Polícia Civil de Guaratuba prendeu preventivamente, na manhã de quarta-feira (4), Flaviane Húpalo de Jesus Pacheco, servidora pública municipal e ex-coordenadora da Secretaria de Educação, e Rita Oro Costa, gerente do Banco Bradesco na cidade. As duas são investigadas por suspeita de participação em um esquema de estelionato que teria causado prejuízos milionários a servidores públicos e aposentados, com vítimas que relataram perdas que ultrapassam R$ 1 milhão.
Entre os casos investigados está o de uma idosa de 78 anos, que enfrenta problemas de saúde e teve, segundo a polícia, prejuízos superiores a R$ 1 milhão ao longo de quatro anos. De acordo com as apurações, empréstimos fraudulentos foram feitos em nome da vítima sem seu consentimento, e os valores teriam sido transferidos para contas de terceiros, incluindo as das investigadas e de familiares.
Outro relato envolve uma servidora pública que autorizou dois empréstimos sob coação da gerente Rita Oro Costa. Contratos adicionais foram realizados sem a aprovação da vítima, e os valores desviados chegaram a R$ 600 mil, sendo parte destinada à mãe de Flaviane, Sueli Húpalo de Jesus, de acordo com as investigações.
Irregularidades reveladas por novo gerente
As irregularidades começaram a ser desvendadas após denúncias feitas pelos advogados das vítimas, que contaram com o apoio de um novo gerente da agência bancária. Ele identificou transações suspeitas e relatou as movimentações ao Ministério Público e à Polícia Civil. Segundo as investigações, as suspeitas utilizavam chantagem emocional e mensagens frequentes para pressionar as vítimas a não registrarem queixas formais, o que agravou as acusações contra elas.
O delegado Gabriel Rocha, responsável pelo caso, afirmou que a análise de documentos bancários e os depoimentos das vítimas foram cruciais para justificar os mandados de prisão preventiva. Ele também destacou que as tentativas de coação por parte das suspeitas pesaram na decisão do Judiciário.
“A investigação apontou que as suspeitas, além de realizarem os empréstimos fraudulentos, buscavam intimidar as vítimas, seja por mensagens ou até visitas às residências, para que desistissem das queixas. Isso configurou um risco à integridade do processo, levando à necessidade das prisões“, explicou o delegado.
Defesa e manifestação das partes
Flaviane Húpalo negou as acusações e afirmou possuir provas que desmentem as denúncias, como atas notariais e áudios. Já Rita Oro Costa, afastada por motivos médicos, não se pronunciou. Em nota, o Banco Bradesco declarou estar ciente do caso e aguardar o avanço das investigações para tomar medidas cabíveis.
O Ministério Público do Paraná, que acompanha o caso, informou que os autos estão sob sigilo e reiterou que proteger as vítimas e testemunhas é essencial neste momento.