Na manhã desta sexta-feira (13), o Porto de Paranaguá foi o ponto de partida para uma manifestação contra o Projeto de Lei 733/2025, que está tramitando na Câmara dos Deputados e propõe, entre outros, alterações estruturais no modelo de gestão da mão de obra portuária no Brasil. O ato reuniu trabalhadores portuários avulsos (TPAs), lideranças sindicais e representantes da Prefeitura em defesa dos direitos da categoria e da economia da cidade.
A mobilização foi convocada pela Frente Intersindical de Paranaguá, com apoio de sindicatos que estão unidos para criar o Conselho Sindical Municipal. A ação faz parte de um movimento nacional organizado por federações que representam os trabalhadores dos portos públicos brasileiros.
“É o início de uma jornada”, diz prefeito Adriano Ramos
O prefeito Adriano Ramos (Republicanos) esteve presente durante o ato, reforçando o apoio institucional da gestão municipal à pauta dos TPAs. À Ilha do Mel FM, ele lembrou sua origem familiar ligada à Estiva e alertou sobre os impactos da eventual aprovação da proposta legislativa.
“Uma PL não pode, da noite para o dia, retirar direitos de trabalhadores. Isso impacta diretamente a economia de Paranaguá. Vai afetar desde o pequeno comércio até o sistema de transporte, o consumo nos bairros e até o sistema público de saúde. Estarei de mãos dadas com os trabalhadores, pela manutenção da exclusividade desse trabalho sagrado”, afirmou o prefeito.
Adriano também destacou que o Município tem atuado junto a parlamentares em Brasília e Curitiba, alertando sobre os riscos embutidos na proposta. Segundo ele, o deputado Felipe Francischini (União Progressista Brasileira) já apresentou 34 emendas ao projeto como tentativa de barrar os pontos mais críticos.
A vice-prefeita Fabiana Parro (União Progressista Brasileira) reforçou que a luta dos portuários deve ser compreendida como uma pauta de toda a cidade. Ela alertou para as consequências sociais da precarização da mão de obra.
“O impacto dessa proposta vai muito além da perda de empregos. Trabalhadores que hoje possuem convênios médicos, ao serem dispensados, passarão a depender do SUS. Isso pressiona ainda mais os serviços públicos. A cidade inteira sofrerá com os efeitos da PL 733”, afirmou.
“É o emprego e a dignidade do povo em jogo”
João Fernando da Luz, presidente da Frente Intersindical e do Sindicato de Estivadores de Paranaguá e Pontal do Paraná (Sindestiva), ressaltou que a mobilização em Paranaguá faz parte de um movimento nacional, mas tem peso particular por se tratar de uma cidade economicamente dependente do porto.
“O PL 733 prevê a extinção de categorias, a perda da renda, o enfraquecimento do comércio local e o sofrimento de famílias que vivem diretamente do porto. Não se trata apenas de uma pauta sindical, mas da defesa da dignidade e do futuro da cidade”, afirmou.
Segundo ele, sindicatos de diversos setores participaram do ato para demonstrar solidariedade mútua e compromisso com a resistência coletiva. “Essa é a união do povo parnanguara em defesa do seu trabalho e da sua renda”, concluiu.
“A cidade, o campo e o Brasil inteiro sofrerão”
José Eduardo Antunes, presidente do Sindicato dos Conferentes de Carga e Descarga nos Portos do Paraná (CONFEPAR), afirmou que a mobilização mostrou que há resistência e capacidade de articulação por parte dos trabalhadores. “Essa mobilização fez Paranaguá acreditar que é possível mudar a tramitação dessa PL. O projeto é perverso. Se aprovado como está, vai destruir empregos, rebaixar salários e fragilizar toda a cadeia econômica das cidades portuárias”, afirmou.
Antunes reforçou que o movimento seguirá agora na frente parlamentar, com ações de convencimento e articulação junto a deputados de todo o país. “Estamos dialogando com parlamentares de estados que sequer têm portos, mas que dependem deles para escoar produção e receber insumos. Se os trabalhadores sofrerem, o campo também sofre. A economia brasileira inteira será afetada. Nosso trabalho não acaba aqui. Continuaremos lutando por cada posto de trabalho e pelo modelo de porto público que deu certo no Brasil”, completou.
Projeto é classificado como retrocesso
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Silvio Nunes, destacou a amplitude da mobilização, reforçando que o impacto da PL 733/2025 não se restringe à Estiva ou aos TPAs, mas atinge diretamente toda a estrutura socioeconômica de Paranaguá. “É um momento crucial. Essa proposta é um retrocesso que ameaça a economia da cidade e os direitos de trabalhadores que construíram o Porto de Paranaguá. Não podemos permitir que esse desmonte aconteça”, declarou.

Ele também lembrou que a mobilização é fruto da articulação que prevê criar o Conselho Sindical Municipal, que pretende reunir 18 sindicatos de diferentes categorias para fortalecer o enfrentamento conjunto a ameaças legislativas como essa.











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