A revitalização da orla de Matinhos, no Litoral do Paraná, está em fase final pelo Governo do Estado, já impactando o ecossistema local. Programas de monitoramento ambiental do Instituto Água e Terra (IAT), com o Consórcio DTA/Acquaplan, descobriram novas tocas de corujas-buraqueiras (Athene cunicularia) nos canteiros de recuperação da vegetação de restinga ao longo de 6,3 quilômetros entre Caiobá e o Balneário Flórida.
Essas tocas, que abrigam filhotes, indicam o retorno das espécies após as intervenções. Em abril, uma toca foi encontrada no Balneário Riviera; em maio, em Caiobá; e em junho, no Balneário Flamingo. Em dezembro de 2023, três filhotes foram avistados no Balneário Flamingo, evidenciando o repovoamento da espécie.
As corujas desempenham um papel crucial na fauna local, como no controle biológico de insetos. Segundo Mayara dos Santos Rodrigues, bióloga do Escritório Regional do IAT no Litoral, é essencial manter o desenvolvimento costeiro alinhado com a preservação das espécies.
Para proteger essas aves, além do monitoramento periódico, estão planejadas ações de educação ambiental. Tamires Ferreira Lima, gestora dos Programas Ambientais em Matinhos, destaca que as tocas estão marcadas com placas para conscientizar a população sobre a importância de respeitar e preservar esses habitats.
CARACTERÍSTICAS
A espécie Athene cunicularia, conhecida popularmente como coruja-buraqueira ou caburé, é famosa por seu hábito de cavar buracos para construir ninhos, o que explica seu nome científico que significa “coruja que cava túneis”. Esta ave é adaptável e pode habitar ambientes alterados pela ação humana, sendo encontrada em áreas abertas das cidades, incluindo o Litoral do Paraná.
A coruja-buraqueira é de pequeno porte, com coloração castanha e manchas beges nas pontas das asas. Sua dieta é composta por animais de pequeno porte, como insetos, anfíbios e répteis.
MAIS EXEMPLOS
As obras de revitalização em Matinhos têm gerado impactos positivos no ecossistema local. Os guias de correntes na desembocadura do canal do Rio Matinhos tornaram as águas mais calmas, facilitando a aparição de aves aquáticas como o biguá (Nannopterum brasilianus) e várias espécies de garças da família Ardeidae. Além disso, as novas estruturas marítimas atraíram organismos como conchas e caracóis, conhecidos como fauna incrustante, que contribuem para a biodiversidade local.
Um estudo do Consórcio DTA/Acquaplan registrou a presença de 56 grupos de botos-cinzas (Sotalia guianensis) e toninhas (Pontoporia blainvillei), ambos em risco de extinção, além de outros animais costeiros. Os caranguejos maria-farinha (Ocypode quadrata) também foram atraídos pela engorda da faixa de areia e o replantio da restinga. Esses crustáceos amarelos, que se alimentam de tatuíras, mariscos, insetos e outros animais mortos trazidos pela maré, agora fazem parte do ecossistema revitalizado.
OBRA
A primeira fase da revitalização da Orla de Matinhos está 94,33% concluída e deve ser entregue no segundo semestre deste ano. O Governo do Estado investiu R$ 354,4 milhões ao longo de uma extensão de 6,3 quilômetros, entre o Morro do Boi e o Balneário Flórida.
As intervenções incluem a engorda da faixa de areia por meio de aterro hidráulico, construção de estruturas marítimas semirrígidas, canais de macrodrenagem e redes de microdrenagem. Além disso, as obras contemplam melhorias no sistema de drenagem, pavimentação asfáltica e recuperação de vias urbanas.
A segunda etapa da revitalização, que ainda não tem previsão de início, prevê a recuperação de um trecho de 1,7 quilômetro entre os balneários Flórida e Saint Etienne.
Com imagens e informações da Agência Estadual de Noticias