Por Luiza Rampelotti
Depois de seis meses de intensas ações voltadas à valorização e recuperação do patrimônio cultural de Paranaguá, a cidade amanheceu, nesta sexta-feira (27), com uma cena lamentável: o obelisco em homenagem à poetisa Júlia da Costa, localizado na Praça Fernando Amaro, foi alvo de vandalismo durante a madrugada. O ataque ocorreu em meio ao frio e à chuva que marcaram a noite anterior, gerando indignação entre os responsáveis pela preservação da história local.
A estátua, que homenageia uma das figuras mais relevantes da literatura paranaense e símbolo da cultura parnanguara, foi danificada por pichações. A Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico, responsável pela manutenção dos monumentos, repudiou o ato e já iniciou os procedimentos para restaurar o obelisco.
“A gente se depara, num dia chuvoso e frio, com um vandalismo feito à noite na Praça Fernando Amaro, no Obelisco de Júlia da Costa. É triste, mas sabemos que os vândalos são minoria. E vamos recuperar isso aí, pode ter certeza”, declarou o secretário Ivan Lapolli Filho, à Ilha do Mel FM.
Muralha Digital flagrou a ação
Procurado pela Ilha do Mel FM, o secretário municipal de Segurança, Francisco Leudomar Nóbrega dos Santos, informou que a equipe da Guarda Civil Municipal já iniciou os procedimentos para identificar o responsável pelo vandalismo na Praça Fernando Amaro. De acordo com ele, câmeras de monitoramento da Muralha Digital registraram a ação do suspeito durante a madrugada.
Segundo o secretário, o autor do ato seria um homem em situação de rua e, possivelmente, com transtornos mentais. “Ele usou as próprias mãos para espalhar tinta sobre o obelisco e também sobre o chão da praça. Acreditamos que se trate de uma pessoa em vulnerabilidade e com algum distúrbio, o que torna a situação ainda mais delicada”, relatou Nóbrega.
Pela manhã, equipes da segurança municipal realizavam rondas na área central em busca do suspeito. Embora sua identidade ainda não tenha sido confirmada, a Secretaria pretende realizar a qualificação do indivíduo para entender melhor o caso e verificar se há outras ocorrências semelhantes na cidade.
Apelo à comunidade
“Estamos vivendo um momento de reconstrução da nossa memória coletiva, e atos como esse não podem apagar o que estamos tentando preservar. A comunidade é nossa maior aliada para que isso não se repita”, destacou o secretário de Cultura, Ivan Lapolli Filho.
A restauração do obelisco está prevista para os próximos dias. A poetisa Júlia da Costa, nascida em Paranaguá em 1844, é reconhecida como uma das primeiras vozes femininas da literatura paranaense e uma das figuras mais emblemáticas da história cultural do estado.
Seis meses de preservação do passado
O ato de vandalismo contrasta com o esforço contínuo da atual gestão municipal para restaurar e valorizar os marcos históricos de Paranaguá. Desde o início do mandato do prefeito Adriano Ramos (Republicanos), a Secretaria de Cultura e Patrimônio Histórico tem promovido um amplo programa de revitalização de monumentos e espaços que resgatam a identidade e a memória da “Cidade Mãe do Paraná”.
Entre as ações recentes estão a restauração do bebedouro em ferro fundido e do chafariz da Praça de Eventos Mário Roque, obras que resgatam períodos marcantes da história urbana, como a chegada da água encanada em Paranaguá, no início do século XX.
Outros monumentos revitalizados incluem:
- Postes da Praça Joaquim Tramujas e busto do Professor Cleto – Um dos primeiros monumentos do país a homenagear um professor, restaurado em reconhecimento à importância da educação.
- Monumento de José Firmino na Praça da Fé, no bairro Rocio – resgatado por sua relevância cultural local.
- Caranguejo da Rodoviária e escadaria da Copel – revitalizados por meio do projeto “Paranaguá Mais Cores”, que alia cultura urbana e preservação histórica.
- Estátua do Lançador e Relógio do Sol, além da homenagem ao Dr. Locatelli – todos restaurados recentemente, reafirmando o compromisso da gestão com a memória da cidade.
“Acreditamos que ao restaurar esses monumentos, estamos resgatando a memória da nossa cidade e proporcionando aos moradores e visitantes a oportunidade de conhecer e valorizar a nossa história”, reforça Lapolli.









