Uma megaoperação internacional coordenada entre a Polícia Federal brasileira e as autoridades italianas desmantelou uma sofisticada rede criminosa envolvida em tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro, composta por dois grupos interligados. A ação, denominada Operação Mafiusi, foi deflagrada nesta terça-feira (10) e mobilizou um extenso esforço de cooperação internacional.
Participaram da operação órgãos como Europol, Interpol e Eurojust, além de instituições como o Ministério Público Federal (MPF), a Receita Federal, o Ministério Público de Turim – Diretoria Antimáfia, os Carabinieri Italianos do Raggruppamento Operativo Speciale (ROS), o Comando Provincial de Turim, e o Grupo Especial de Investigações Sensíveis (GISE) da Polícia Federal no Paraná.
Alvo no Porto de Paranaguá
O Porto de Paranaguá foi identificado como um dos principais pontos logísticos da rede criminosa, que utilizava o método “Rip On – Rip Off” para transportar cocaína da América do Sul para a Europa. A droga era escondida em contêineres com cargas lícitas, como cerâmicas e madeira, com destino ao Porto de Valência, na Espanha, e a outros pontos na Europa, como a Bélgica.
Além do transporte marítimo, os criminosos utilizavam aeronaves privadas para driblar a fiscalização nos aeroportos. Durante as investigações, foram constatados vínculos com membros de uma facção criminosa paulista e integrantes da máfia italiana, que atuavam juntos para garantir a logística do tráfico.
Em Paranaguá, a ação policial foi coordenada pelo Grupo Especial de Investigações Sensíveis (GISE) da Polícia Federal do Paraná.
Mandados cumpridos
Nesta etapa da operação, foram cumpridos nove mandados de prisão preventiva e 31 mandados de busca e apreensão no Brasil, abrangendo os estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Roraima. Na Espanha, foi cumprido um mandado de prisão. Além disso, as autoridades decretaram o sequestro de imóveis e o bloqueio de bens e valores, totalizando R$ 126 milhões.
Histórico das investigações
A operação é um desdobramento da Operação Retis, que já havia desarticulado organizações responsáveis pela logística do tráfico no Porto de Paranaguá. As investigações tiveram início em 2019, com a prisão de dois membros da máfia italiana em Praia Grande (SP). Desde então, a cooperação entre as autoridades brasileiras e italianas se intensificou, culminando na constituição de uma Equipe Conjunta de Investigação.
Entre 2018 e 2022, a rede criminosa movimentou cerca de R$ 2 bilhões, utilizando empresas de fachada e transações financeiras fraudulentas para lavar dinheiro proveniente do tráfico. Os recursos eram utilizados para aquisição de bens e outras atividades que garantiam a manutenção da organização.
*Com informações da PF