Por Luiza Rampelotti com informações da AEN
O Paraná conquistou um marco inédito na história da infraestrutura portuária brasileira: se tornou o primeiro estado do país a ter um porto público com 100% da área regularizada. O feito foi consolidado na última quarta-feira (30) com a realização de três leilões das áreas PAR14, PAR15 e PAR25 do Porto de Paranaguá, conduzidos na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, com a presença do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) e autoridades do setor logístico nacional.
Com a conclusão dos leilões, o Estado garantiu aproximadamente R$ 3 bilhões entre investimentos privados e outorgas: R$ 2,2 bilhões serão aportados pelas empresas vencedoras ao longo dos 35 anos de concessão, enquanto R$ 855 milhões entram nos cofres públicos por meio dos lances vencedores, valor que representa quase 140% do faturamento anual do porto em 2024.
As áreas arrematadas são destinadas à movimentação de granéis sólidos vegetais – principalmente soja, farelo e milho – e somam 169 mil metros quadrados. O modelo de concessão é do tipo brownfield, ou seja, em espaços já operacionais, o que permite a aceleração dos investimentos em infraestrutura e modernização das operações.
Porto de Paranaguá: liderança em gestão e expansão
Reconhecido nacionalmente por sua excelência, o Porto de Paranaguá ostenta há cinco anos consecutivos o título de melhor gestão portuária do Brasil. Em 2024, o terminal superou sua própria marca e movimentou 66,7 milhões de toneladas de cargas, volume que representa um crescimento de 23% em relação a 2023 e ultrapassa metas previstas pelo Governo Federal para 2030.
“O Porto de Paranaguá, que já foi motivo de vergonha, hoje é exemplo de eficiência e modernidade. Estamos entregando o maior leilão da história da Bolsa de Valores na área de portos e garantindo um futuro ainda mais promissor para o Paraná. Estamos transformando o estado na maior central logística da América do Sul“, destacou o governador Ratinho Junior.
Investidores e propostas vencedoras
- PAR14 (82,4 mil m²): Arrematada pela BTG Pactual Commodities, com outorga de R$ 225 milhões. Estão previstos R$ 529 milhões em melhorias no terminal e R$ 477 milhões em infraestrutura pública, com destaque para a integração ao Moegão Ferroviário e ao novo píer em T.

- PAR15 (43,2 mil m²): Arrematada pela Cargill Brasil Participações, com outorga de R$ 411 milhões. Serão investidos R$ 293 milhões no terminal e outros R$ 311 milhões em obras públicas no porto.

- PAR25 (43,4 mil m²): Vencida pelo Consórcio ALDC (Louis Dreyfus Company e Amaggi), com outorga de R$ 219 milhões. A previsão é de R$ 233 milhões em melhorias internas e R$ 331 milhões em investimentos na infraestrutura comum.

Segundo Luiz Fernando Garcia, presidente da Portos do Paraná, os resultados comprovam a eficiência da gestão pública estadual. “Somos a única autoridade portuária do Brasil com autonomia para organizar seus próprios leilões, o que permite desenvolver projetos com mais segurança jurídica e atratividade para o setor privado”, afirmou.
Um novo ciclo de obras e expansão
Além dos investimentos privados, o Governo do Paraná anunciou recentemente a construção do novo píer em T, com aporte de R$ 1 bilhão em recursos públicos. A obra, que ampliará a capacidade de atracação com quatro novos berços, é o maior investimento público feito no porto nas últimas cinco décadas.
Outro projeto é o Moegão Ferroviário, o maior empreendimento portuário em andamento no Brasil, orçado em R$ 600 milhões com conclusão prevista para o fim de 2025. Financiado pelo BNDES, o sistema avançado de descarregamento de cargas vai transformar a eficiência logística do terminal.
Também está em fase final a concessão do Canal de Acesso ao Porto de Paranaguá – primeira do tipo no país. O Tribunal de Contas da União (TCU) autorizou o leilão em 23 de abril, e a definição da data será o próximo passo.
Repercussão nacional
Durante o leilão na B3, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, destacou a articulação do Governo do Paraná como exemplo para o país. “Estamos promovendo a descentralização da infraestrutura portuária, fortalecendo os estados e impulsionando a competitividade do Brasil. Ganham o agronegócio, a indústria, o comércio e, acima de tudo, a população, com mais empregos e renda”, disse.
O evento também contou com a presença da secretária-executiva do Ministério de Portos e Aeroportos, Mariana Pescatori; do secretário nacional de Portos, Alex Ávila; do secretário estadual da Infraestrutura e Logística, Sandro Alex; do diretor geral substituto da Antaq, Caio Farias; e do deputado estadual Fábio Oliveira.









