Na próxima semana, Paranaguá receberá um importante momento de escuta, articulação e mobilização feminina. Na sexta-feira (4), a partir das 14 horas, o Auditório Manoel Viana da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) receberá a Conferência Livre com o tema “Democracia e Igualdade para garantir os direitos sexuais e reprodutivos e enfrentar a violência obstétrica”, como parte das etapas preparatórias para a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (CNPM).
A atividade é gratuita, aberta ao público e conta com certificação para participantes. Estão sendo convocadas todas as mulheres interessadas em discutir e construir propostas que serão levadas à etapa nacional, prevista para ocorrer entre os dias 29 de setembro e 1º de outubro de 2025, em Brasília.
Uma das presenças confirmadas no evento é a da enfermeira obstetra Marcele Rabelo, presidente da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras do Paraná (ABENFO-PR), que trará reflexões sobre a luta pela humanização do parto no Brasil, a urgência da Reforma Obstétrica e os desafios persistentes no enfrentamento da mortalidade materna.
“Sabemos que o número de mulheres parnanguaras com histórico de violência obstétrica é muito grande. Em uma roda de conversa realizada em 2023 com cerca de 20 mulheres, apenas uma relatou não ter sofrido nenhum tipo de violência durante o parto. Isso nos deixou muito preocupadas. O momento de realização de um sonho não pode se transformar em um pesadelo de trauma para o resto da vida”, alerta Matsuko Barbosa, coordenadora do Núcleo da União Brasileira de Mulheres (UBM) no Litoral do Paraná.
Além de abordar os índices de violência obstétrica, o evento será espaço para discutir o direito ao planejamento reprodutivo e os entraves enfrentados por mulheres que buscam realizar procedimentos como a laqueadura, mesmo estando dentro dos critérios legais estabelecidos pelas leis 9.263/96 (Lei do Planejamento Familiar) e 14.443/2022, que eliminou a exigência de consentimento do cônjuge para a esterilização voluntária.
A conferência é uma iniciativa conjunta dos movimentos sociais, entre eles a União Brasileira de Mulheres – Paraná, o Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Paranaguá, a Secretaria de Mulheres da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Paraná e o Coletivo Roda D’Água. Durante o encontro, além da construção coletiva de propostas, também serão eleitas delegadas que representarão a região na conferência nacional.
“Essa é uma oportunidade de fortalecer as políticas públicas voltadas à saúde da mulher, à dignidade no parto, ao acesso à laqueadura e ao direito de decidir sobre o próprio corpo. A participação das mulheres é essencial para enriquecer o debate e garantir que nossas vozes cheguem a Brasília com força”, reforça Matsuko.









