Por Luiza Rampelotti
Nesta segunda-feira (7), o prefeito de Paranaguá, Adriano Ramos (Republicanos), esteve em Curitiba para uma reunião estratégica com o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, representantes do Movimento de Empresários do Setor Portuário de Paranaguá (MESPP) e o deputado estadual Hussein Bakri (PSD). O encontro teve como objetivo apresentar uma proposta atualizada para a execução integral da Avenida Senador Atílio Fontana, considerada um dos principais eixos logísticos da cidade.
O novo plano, elaborado por um grupo de 28 empresários independentes representados por Leandro Klauss, visa corrigir falhas estruturais da proposta anterior, herdada da gestão passada, e oferecer uma solução definitiva para a mobilidade logística da cidade. De acordo com os empresários, o modelo anteriormente apresentado e parcialmente executado não contemplava pontos críticos como a ponte sobre o Rio Vermelho, nem previa um acesso eficaz à BR-277 nas proximidades do posto da Polícia Rodoviária Federal.
A nova proposta apresentada inclui a execução completa da avenida com a interligação integral do trecho existente à rodovia federal, além da criação de uma nova via – batizada de Estrada do Ribeirão – que será construída no meio do traçado da Atílio Fontana para facilitar o escoamento e diminuir o fluxo pesado. O projeto prevê ainda a construção de uma nova ponte na Estrada do Ribeirão, apta a suportar caminhões de até 45 toneladas.
Estado confirma apoio e vê obra como estruturante
Durante a reunião, Adriano Ramos destacou a importância da articulação conjunta entre o setor produtivo e os governos municipal e estadual. “Valorizamos muito essa nova relação entre o empresariado e a gestão pública. A Atílio Fontana é uma via fundamental para o futuro da cidade, e esse diálogo garante que ela finalmente saia do papel da forma correta”, afirmou. O prefeito também reforçou que a Prefeitura não dispõe de recursos próprios para a obra, mas trabalha para garantir a viabilidade do projeto por meio de parcerias.
O secretário Sandro Alex garantiu o apoio do Governo do Estado. “É uma obra importante para a cidade, vai se somar aos R$ 40 milhões que já estão previstos para investimento nas vias de acesso ao Porto. Por mais que seja uma via municipal, entendo que é um eixo estruturante e o Governo irá ajudar a executar a obra. Nenhum projeto estruturante ficou sem execução por parte do governador Ratinho Júnior”, disse.
Segundo o empresário Juliano Vicente Elias, o custo estimado da obra é de R$ 100 milhões. O projeto inclui a recuperação de 2,1 km de pista já executados pela gestão passada, a implantação de 7 km de nova pavimentação, mais 1 km na nova via e a construção da ponte sobre o Rio Vermelho. “Será necessário refazer o trecho que já está pronto, pois não temos garantias sobre a qualidade da obra. Temos que ter certeza de que tudo está de acordo”, explicou. Como contrapartida, os empresários se comprometeram a doar o projeto executivo, estimado em R$ 1 milhão, com entrega prevista para 30 de outubro.

Histórico da obra abandonada
Segundo o secretário municipal de Obras, Ozéias Rebello, um grupo de trabalho foi instituído no início deste ano com a finalidade de avaliar, de forma técnica e detalhada, a situação da Avenida Senador Atílio Fontana. “A Prefeitura está concluindo um relatório técnico que apontará o que foi executado na obra anterior, de que maneira os serviços foram realizados e se há necessidade de responsabilização ou compensação por parte da empresa anterior”, afirmou.
A obra foi iniciada em 2023, ainda na gestão do ex-prefeito Marcelo Roque, com orçamento superior a R$ 63 milhões e prazo contratual de 18 meses, com conclusão prevista para fevereiro de 2025. O contrato foi licitado e vencido pelo Consórcio Alexandra, formado pelas empresas Copasa, BRF e Serra da Prata.
No entanto, poucos meses após o início das intervenções, o consórcio abandonou o canteiro de obras. Apesar disso, a empresa recebeu R$ 13.758.696,34 pelos serviços executados até a paralisação. Com o abandono, coube à Prefeitura dar continuidade à execução com equipe técnica própria. Em 2024, o então secretário de Obras, Ildeivan da Silva Junior, informou que apenas entre 20% e 25% da obra havia sido concluída, muito aquém da estimativa original, que previa ao menos 60% de avanço até aquele momento.
Empresariado está “focado no futuro”
Leandro Klauss, representante dos empresários do MESPP, pontuou que o grupo está focado no futuro, mas entende a necessidade da Prefeitura de revisar os contratos e fiscalizar os serviços passados. “O mais importante é garantir que o novo projeto seja executado por completo, de forma técnica e responsável. A cidade precisa e merece isso. Entendemos a necessidade da Prefeitura de revisar os contratos e fiscalizar os serviços passados, mas estamos voltados para o futuro”, afirmou.

Para o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Paranaguá (ACIAP), Eloir Martins, o momento marca uma mudança de postura na relação entre poder público e iniciativa privada. “É a primeira vez que vejo um movimento dessa magnitude em prol da cidade. Fiquei extremamente alegre de ver a comunidade engajada em um projeto tão importante. A Atílio Fontana é o coração logístico de Paranaguá e precisa ser tratada com essa relevância”, pontuou.
A proposta será levada ao governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) em uma reunião prevista para a próxima semana, com o objetivo de garantir o aval final do Executivo Estadual. A expectativa é de que, com o convênio firmado entre Prefeitura e Estado e o projeto executivo em mãos, a obra avance ainda no primeiro semestre de 2026.
Impacto logístico
De acordo com Juliano Elias, a obra será dividida em lotes para evitar a interrupção total do tráfego na região. “A primeira etapa será a construção do novo acesso pelo Ribeirão, seguida da ponte, o que permitirá a continuidade das operações logísticas durante a execução”, explicou. A previsão é que a licitação seja lançada em janeiro de 2026, com início das obras em fevereiro do mesmo ano e duração estimada de 24 meses.
A Avenida Senador Atílio Fontana é considerada uma via arterial da zona de desenvolvimento econômico (ZDE) de Paranaguá. Atualmente, abriga cerca de 15 empresas operantes – muitas delas armazéns retroportuários – e responde por mais de 80% dos depósitos de contêineres utilizados pelo Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP). Ela conecta diretamente a área retroportuária à BR-277 e à futura zona de expansão portuária (ZEP), sendo essencial para o transporte de cargas e para a atração de novos investimentos industriais. A última grande intervenção na via ocorreu ainda na década de 1980, durante a implantação da antiga Sadia.








