Por Luiza Rampelotti
Em entrevista concedida à Ilha do Mel FM na última terça-feira (15), o prefeito de Paranaguá e presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Litoral do Paraná (CISLIPA), Adriano Ramos (Republicanos), se posicionou publicamente pela permanência da central de regulação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) 192 na região litorânea. A declaração vem em meio a discussões entre os prefeitos dos sete municípios que integram o consórcio e propostas que indicam a transferência da regulação para a capital do estado, Curitiba.
“Sou totalmente a favor que a regulação permaneça aqui conosco. Estando conosco, podemos criar mecanismos para que esse atendimento seja mais rápido”, afirmou Adriano, durante a entrevista. O prefeito explicou que, após a primeira assembleia do consórcio sob sua gestão, buscou compreender melhor o funcionamento do sistema antes de assumir uma posição. “Conversei com profissionais da regulação e entendi que muitas perguntas feitas na triagem são importantes para preparar a equipe e garantir um atendimento mais assertivo ao paciente”, disse.
A possível mudança do serviço de regulação, responsável por receber as chamadas de emergência e coordenar os atendimentos do SAMU, tem gerado polêmica entre as lideranças locais. Segundo o prefeito, houve uma reunião em Curitiba da qual não participou, mas na qual foi registrado um “direcionamento favorável” dos demais prefeitos à transferência da regulação para a capital. No entanto, Adriano destacou que pretende atuar politicamente junto ao Governo do Estado para manter a regulação no Litoral.
“Respeito a opinião dos outros prefeitos, mas vou trabalhar para que essa decisão seja revista. Eu acredito que, estando perto da realidade da nossa população, a regulação tem mais condições de responder de forma rápida e eficaz às urgências”, pontuou.
O prefeito também fez questão de reforçar que se baseia no parecer de técnicos da área da saúde para formar sua posição. “É um assunto muito técnico. Se os técnicos entendem que deve ficar aqui, devemos respeitar essa decisão, se não, também devemos respeitar. Eu não tomo decisão da minha cabeça em assuntos que não domino. É preciso ouvir quem entende”, avaliou.
Adriano Ramos reiterou que a manutenção da central no Litoral favorece o aperfeiçoamento do serviço, tornando o atendimento mais ágil e eficaz. “Quando a equipe já sai sabendo o que vai encontrar, com base nas informações colhidas durante a chamada, conseguimos economizar minutos preciosos em situações de urgência”, disse.
Por fim, o prefeito reconheceu que, mesmo presidindo o consórcio, pode ter seu posicionamento vencido, já que a decisão será tomada de forma colegiada entre os sete gestores municipais. “Cada prefeito tem seu posicionamento, mas, como representante de Paranaguá e do CISLIPA, sigo firme na defesa do que acredito ser melhor para a população do Litoral”.
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Secretarias de Saúde do Litoral defendem a transferência
Diante da repercussão envolvendo a possível transferência da central de regulação do SAMU 192 do Litoral para Curitiba, o Conselho Regional de Secretarias Municipais de Saúde do Litoral do Paraná (CRESEMS Litoral) publicou uma nota oficial para esclarecer o posicionamento técnico do colegiado.
Segundo o CRESEMS, não haverá suspensão das atividades do SAMU nos sete municípios da região. A mudança proposta refere-se exclusivamente ao setor de regulação e atendimento telefônico, que passaria a ser operado a partir da capital, sem alterações nas bases físicas, equipes e ambulâncias que atuam no Litoral.
A medida, de acordo com o Conselho, visa a integração em rede e a ampliação do acesso aos serviços de saúde, conectando os usuários do litoral também às estruturas disponíveis em Curitiba e na Região Metropolitana. “Não se trata apenas de economia, mas de otimização de recursos e fortalecimento da política pública de saúde em rede”, afirma Michele Straub, secretária de Saúde de Pontal do Paraná e presidente do CRESEMS-Litoral.
O CRESEMS também rebateu críticas relacionadas à dificuldade de localização dos pacientes por centrais fora da região. Segundo o texto, a informatização e a geolocalização dos sistemas garantem eficiência e confiabilidade no processo, mesmo em áreas com carência de endereçamento. Como exemplo, a entidade menciona que a regulação de Curitiba já atende 38 municípios com características territoriais diversas, o que inclui áreas urbanas, rurais e de difícil acesso.
Por fim, o Conselho reforçou que todas as decisões são tomadas com base em critérios técnicos e em diálogo com a Secretaria de Estado da Saúde e os colegiados regionais, mantendo o compromisso com a transparência e com a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). “Lamentamos que informações tenham circulado antes mesmo da definição de cronogramas e etapas administrativas”, pontua a nota.








