A Rede Municipal de Ensino de Paranaguá, que conta com 75 unidades de ensino, está em contagem regressiva para o início do ano letivo de 2025. Professores retomam ao trabalho na próxima segunda-feira (3), enquanto os cerca de 14.500 alunos retornam às salas de aula no dia 5 de fevereiro. Quanto ao período integral, as atividades começarão em março, após ajustes nos espaços físicos.
Em entrevista exclusiva à Ilha do Mel FM, a secretária municipal de Educação, professora Fabíola Arcega, abordou os principais preparativos e desafios que envolvem o retorno das atividades escolares. Ela destacou a complexidade da rede municipal, que conta com mais de 2.700 servidores, entre professores, educadores infantis, monitores e outros profissionais de apoio.
“A educação é a maior estrutura da Prefeitura. São aproximadamente 14.500 alunos e quase 3 mil funcionários que compõem essa engrenagem. O impacto desse movimento é significativo, inclusive no trânsito e no transporte coletivo, que volta a operar com maior demanda na próxima semana”, pontuou Fabíola.
Ainda não há previsão para entrega dos materiais escolares
Segundo a chefe da pasta, desde que a atual gestão assumiu a Prefeitura, há menos de um mês, a Secretaria de Educação tem priorizado a manutenção das unidades escolares. Fabíola destacou que equipes de engenheiros e arquitetos têm realizado visitas técnicas para avaliar e solucionar problemas estruturais. Além disso, diretoras e equipes escolares estão mobilizadas, realizando pequenos reparos e reformas com apoio da comunidade.
No entanto, há desafios. A secretária mencionou que a aquisição de materiais escolares e uniformes, que deveria ter sido planejada pela gestão anterior, não foi executada. “Estamos trabalhando para regularizar essa situação. Em setembro do ano passado, os uniformes escolares foram entregues. A previsão é que seja feita uma compra emergencial de material escolar para atender os alunos o mais rápido possível, mas, no início das aulas, não será realizada essa entrega”, afirmou.
Fabíola tranquilizou os pais quanto à oferta da merenda escolar. “Todas as crianças, incluindo aquelas com restrições alimentares, receberão merenda de acordo com suas necessidades. Esse serviço já está garantido para o ano letivo”, assegurou.
Polêmica: mudanças na gestão escolar
A troca de diretores nas escolas municipais de Paranaguá, ocorrida no início deste ano, segue gerando debates. De acordo com Fabíola Arcega, a medida é parte de um plano para adequar a gestão escolar às legislações vigentes e atender demandas da própria comunidade educacional.
“Essa iniciativa busca implementar um processo seletivo com base em mérito e consulta pública e está alinhada às normas estabelecidas pela Lei de Gestão Democrática de 2016 e a reforma de 2018”, disse.
Pelas regras atuais, os mandatos de diretores devem durar três anos, com possibilidade de uma recondução mediante critérios claros e consulta à comunidade escolar. “No entanto, a última gestão realizou reconduções em 2023 sem seguir esses requisitos, o que gerou insatisfação em parte dos profissionais e abriu espaço para ajustes no início da nova administração”, explicou a secretária.
Atualmente, as escolas estão sob a liderança de equipes interinas, indicadas para manter o funcionamento enquanto o novo processo seletivo é organizado. Segundo o plano apresentado, a seleção envolverá etapas como prova escrita, entrevista, análise de currículo, apresentação de plano de gestão e consulta pública, com orientação do Ministério da Educação (MEC). “Apenas os candidatos que atenderem aos critérios técnicos e de mérito seguirão para a fase de consulta pública, garantindo a escolha de profissionais qualificados para a função”, destacou Fabíola.
A secretária ainda esclareceu que a legislação prevê que diretores que já cumpriram dois mandatos consecutivos não poderão participar do processo seletivo, como estipulado na reforma de 2018. “Isso visa oportunizar a renovação e permitir que outros profissionais vivenciem a experiência de gestão escolar”, afirmou.
Demanda por mudança partiu dos próprios profissionais
A troca de diretores também atendeu a um pedido direto da classe docente, especialmente durante o período de campanha eleitoral do prefeito Adriano Ramos (Republicanos). De acordo com Fabíola Arcega, cerca de 800 profissionais do magistério manifestaram insatisfação com a permanência prolongada de alguns diretores nos cargos. Em alguns casos, diretores estavam há mais de 20 anos na mesma função, o que, para muitos, impedia a renovação e a valorização de outros educadores.
O processo seletivo para novos diretores está previsto para ser concluído ainda nos primeiros 100 dias da nova gestão, seguido da consulta pública para a comunidade escolar. “Esse movimento visa abrir espaço para que professores em sala de aula também possam assumir cargos de gestão, ampliando as oportunidades e trazendo novas perspectivas para a administração escolar”, disse a secretária.
Prioridade: saúde mental e ampliação de vagas
Segundo Fabíola, entre os maiores desafios da nova gestão está o cuidado com a saúde mental dos profissionais da educação e o atendimento à alta demanda por vagas na educação infantil. Ela anunciou a criação do programa Acolher, que oferecerá apoio psicológico e terapias alternativas para professores readaptados e com restrições.
Outro gargalo é o déficit de mais de 3 mil matrículas na educação infantil, especialmente na região sul da cidade, onde a demanda é crescente. “Estamos avaliando a construção de novas creches para suprir essa necessidade”, disse.
Para os responsáveis que ainda não matricularam seus filhos, Fabíola orientou que procurem diretamente as secretarias das escolas ou a central de matrículas na Secretaria de Educação. “Sempre que houver vagas, será possível realizar matrículas, rematrículas ou transferências”, concluiu.
Por Luiza Rampelotti