Nesta quarta-feira (28), o Sindicato dos Conferentes de Carga e Descarga nos Portos do Estado do Paraná completa 87 anos de fundação. A data marca a consolidação de uma trajetória histórica iniciada em 1938, que segue viva e em constante renovação por meio de conquistas políticas, estruturais e de valorização da categoria portuária.
Fundado em meio a um período de reorganização sindical no Brasil, ainda sob os ecos da Revolução de 1930, o sindicato teve como figura central o conferente Olympio Bartho Tocheton, que ao lado de outros trabalhadores como João Batista Teixeira e Osmar Pereira, organizou a entidade a partir da necessidade urgente de representação própria dos conferentes, então subordinados às decisões dos patrões e das agências empregadoras.
Em registros históricos publicados na Enciclopédia Histórica e Autobiográfica do Sindicalismo Brasileiro (Pampas, 1991), é possível conhecer em detalhes a origem da entidade e sua evolução até se tornar um dos sindicatos mais respeitados do sistema portuário brasileiro. A publicação ressalta, por exemplo, a atuação pioneira de Olympio na formulação do primeiro sistema de rodízio dos estivadores, o que acabou influenciando a organização da força de trabalho nos portos brasileiros.
Ao longo dessas quase nove décadas, o sindicato foi conduzido por diversas lideranças que marcaram sua trajetória institucional. Entre elas, o conferente Mário Teixeira se destacou por presidir o sindicato em um dos períodos mais expressivos de sua história, com forte inserção política, conquistas estruturais e projeção nacional. “Foi uma gestão que marcou época, com grande capacidade de articulação e de mobilização coletiva. A reputação que o Sindicato dos Conferentes construiu muito se deve àquele período”, afirma o atual presidente, José Eduardo Antunes, eleito para o mandato 2023 a 2025. Mário Teixeira é hoje presidente da FENCCOVIB — Federação Nacional dos Conferentes e Consertadores de Carga e Descarga, Vigias Portuários, Trabalhadores de Bloco, Arrumadores e Amarradores de Navios, nas Atividades Portuárias — e segue como referência sindical no país. Dos quadros do sindicato também saiu o conferente Carlos Antonio Tortato, ex-presidente da entidade que chegou à chefia do Executivo Municipal, tendo exercido o mandato de prefeito de Paranaguá entre 1993 e 1996.
Avanços recentes: nova convenção e representatividade global
Hoje, sob a presidência de Antunes, o sindicato vive um novo momento de reorganização institucional e conquistas relevantes. Entre os principais avanços está a assinatura, já no primeiro ano da nova gestão, de uma Convenção Coletiva de Trabalho com o Sindicato dos Operadores Portuários (SINDOP), encerrando um jejum de nove anos sem acordos formais — a última negociação havia sido firmada em 2014. Segundo o presidente, a nova convenção garantiu ganhos reais para os conferentes.
“A negociação representou um salto significativo para a categoria. Conseguimos dobrar a média salarial dos conferentes e, mais do que isso, restabelecer o respeito à nossa função na cadeia portuária”, afirmou o presidente.
A nova convenção também garantiu o fortalecimento do fundo social do sindicato, que viabilizou investimentos em melhorias estruturais na sede da entidade, como pintura, reformas e adequações básicas, que estavam há anos pendentes. Com foco na transparência, Antunes destacou que boa parte dos recursos arrecadados tem sido repassada diretamente aos associados, o que justifica a baixa margem de caixa, ainda assim suficiente para promover avanços importantes.
Além das melhorias internas, a atual gestão apostou na articulação institucional, filiando o sindicato à Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e à Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF), entidade que reúne mais de 700 sindicatos ao redor do mundo.
“Esse movimento nos coloca de volta no cenário internacional de defesa dos direitos dos trabalhadores portuários. Aumentamos nossa visibilidade e, com isso, nossa proteção frente aos desafios da conjuntura política e econômica”, explicou Antunes.
Formação profissional e renovação da categoria
Outro marco recente foi a conclusão do processo seletivo inédito para o ingresso de novos trabalhadores portuários avulsos (TPAs), uma luta iniciada ainda em 2020, durante o auge da pandemia de Covid-19. Na época, a categoria dos conferentes foi severamente impactada pela Medida Provisória nº 945/2020, que afastou os profissionais do grupo de risco das operações portuárias, escancarando a escassez de mão de obra qualificada.
A partir de uma articulação com o Ministério Público do Trabalho e outras entidades representativas da Frente Intersindical de Paranaguá, uma Ação Civil Pública possibilitou que a nova geração de conferentes fosse formada em parceria com o OGMO Paranaguá.
“Hoje, 19 novos conferentes estão finalizando seus cursos de formação e, nos próximos dias, já devem iniciar seus trabalhos na faixa portuária. Isso é resultado direto da nossa persistência, do compromisso com a renovação e com o futuro da nossa categoria”, declarou o presidente.
Gestão, comunicação e sustentabilidade sindical
Além dos esforços voltados à base da categoria, a atual diretoria também promoveu uma reestruturação administrativa que resultou na contenção de despesas e no redirecionamento de recursos para investimentos estratégicos — como as reformas na sede e a ampliação da atuação política.
A comunicação do sindicato também passou por um processo de profissionalização, com assessoria especializada e maior presença em pautas públicas. “Nosso objetivo é garantir visibilidade à atividade de conferência de carga e reforçar a relevância do sindicato como instituição de defesa coletiva”, pontuou Antunes.
Compromisso com a história e os novos tempos
Aos 87 anos, o Sindicato dos Conferentes reafirma sua trajetória de resistência, forjada nos armazéns dos portos de Paranaguá e Antonina, e se reposiciona diante dos desafios contemporâneos do século XXI. Em meio à crescente informatização das operações portuárias, a entidade mantém seu compromisso com a proteção dos direitos trabalhistas e com a defesa da exclusividade profissional da conferência de carga — um direito historicamente assegurado pela Lei nº 1.561, de 1952, sancionada por Getúlio Vargas, e reafirmado no marco regulatório do setor portuário, a Lei nº 12.815, de 2013.
“Nosso maior compromisso é com o trabalhador. Nosso papel é evitar a precarização, garantir direitos e manter o conferente como peça central da operação portuária. Esse é o legado que estamos construindo, por isso, estamos lutando pela manutenção da exclusividade profissional prevista na legislação”, finalizou José Eduardo Antunes.
*Fonte: Assessoria de Imprensa






















