Cerca de 430 mil consumidores de energia atendidos pela Enel na região metropolitana de São Paulo ainda estão sem eletricidade nesta segunda-feira, 14, após um forte temporal na sexta-feira passada, que provocou ventos superiores a 100 km/h, derrubando árvores e causando danos na rede elétrica.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, estabeleceu um novo prazo de três dias para que a Enel restabeleça o fornecimento de energia nas áreas afetadas. Ele criticou a empresa por não ter fornecido previsões adequadas à população e não comentou sobre possíveis penalidades caso o prazo não seja cumprido.
As agências reguladoras Aneel e Arsesp, que fiscalizam os serviços de energia, observaram que a resposta da Enel ao incidente foi inferior ao que estava previsto em seu plano de contingência. Essa situação se repete na área de concessão da Enel desde o final do ano passado, gerando descontentamento entre consumidores e autoridades, além de multas significativas pela demora no restabelecimento do serviço.
Desde a última sexta-feira, a Enel informou que 1,6 milhão de clientes já tiveram o fornecimento normalizado, enquanto 430 mil ainda estavam sem energia, com 280 mil na capital paulista. Diretores da Aneel e Arsesp expressaram preocupação com a capacidade da Enel de mobilizar equipes rapidamente após o temporal.
Thiago Nunes, presidente da Arsesp, mencionou que o plano de contingência da Enel previa 2.500 trabalhadores para situações extremas, mas atualmente apenas cerca de 1.700 a 1.800 estavam mobilizados. O ministro Silveira anunciou que o número de profissionais aumentará para 2.900, com apoio de outras distribuidoras.
Em um plano apresentado no mês anterior, a Enel se comprometeu a contratar 5 mil novos colaboradores até 2026 e incorporar 1.650 novos veículos à sua frota para melhorar a resposta a eventos climáticos. O ministro havia prometido cobrar a empresa sobre essas ações, à medida que o governo avalia se a Enel poderá renovar seus contratos de distribuição, que expiram em breve.
Silveira evitou discutir o futuro da Enel, criticando a Aneel por não avançar com um pedido do governo para instaurar um processo administrativo que poderia levar a medidas drásticas, como a caducidade do contrato da empresa. Ele afirmou que, se o processo estivesse em andamento, a Enel estaria mais atenta à qualidade dos serviços prestados.
A Aneel, por sua vez, reafirmou seu compromisso em garantir a recomposição dos serviços e que tomará as medidas necessárias caso sejam identificadas falhas graves. Desde 2018, a Enel já recebeu multas totalizando aproximadamente R$ 320 milhões, com as duas últimas multas de R$ 260 milhões suspensas judicialmente.
O conflito entre o ministro e a Aneel tem impactado processos importantes do setor elétrico. Enquanto Silveira acusa o regulador de politização, a Aneel reclama da falta de recursos e do tempo limitado para realizar seu trabalho.
Com informações do InvestNews