A Terceira Mostra Eu Mais Velha abriu inscrições para produções audiovisuais de todo o Brasil. O evento será realizado entre janeiro e março de 2026 nas cidades de Curitiba, Piraquara e Guaraqueçaba, e busca obras que abordem saberes ancestrais e a preservação de culturas tradicionais.
Podem se inscrever projetos de documentários, ficções, videoclipes e outras linguagens do audiovisual que dialoguem com o tema. A mostra chega ao Paraná organizada pelas pesquisadoras e curadoras Bi Sevciuc e Lais Araújo, e pela antropóloga Mariana Diniz.
O objetivo é valorizar a produção audiovisual de mulheres e ampliar o protagonismo de guardiãs de saberes ancestrais, biodiversidade e culturas tradicionais.
Foto: Luiza Matravolgyi
ORIGEM
A idealização da Mostra Eu Mais Velha começou em 2021, com o lançamento do livro Eu mais velha – cura, fé e ancestralidade, de autoria de Bi Sevciuc e Lais Araújo. A obra registrou saberes tradicionais de curandeiras, benzedeiras, parteiras e raizeiras do Litoral do Paraná, detentoras de práticas de cura e conhecimentos ancestrais. A partir dessa pesquisa, o projeto evoluiu para ações socioeducativas de preservação da memória e valorização de líderes comunitárias.
Na mesma época, Bi e Lais se uniram à antropóloga Mariana Diniz e, enquanto aprofundavam estudos sobre ancestralidade, produziram um filme sobre Dona Adélia Cunha, matriarca do Jongo — manifestação afro-brasileira que reúne percussão, canto e dança. Esse conjunto de experiências consolidou a proposta de criar uma mostra dedicada a ampliar vozes femininas e fortalecer a transmissão de saberes tradicionais.
EVOLUÇÃO
Depois, contempladas por um edital cultural, realizaram em São José dos Campos a primeira mostra, com intuito de trazer o cuidado matriarcal para o centro da discussão.
“Decidimos trazer este cuidado para as perspectivas atuais, para a definição dos próximos passos da sociedade e também, para as nossas escolhas pessoais”, conta Laís.
Para Mariana Diniz, o projeto reforça a importância das gerações mais velhas.
“A gente faz poucas homenagem e reverência aos mais velhos e esse projeto mostra a importância dessas pessoas para a preservação de uma cultura popular e ancestral de conhecimentos que vão desde costumes culturais, a curas com ervas, por exemplo”, comenta.
Foto: Luiza Matravolgyi
ATIVIDADES
Além das exibições, a programação contará com oficinas e rodas de conversa com realizadores, artistas, protagonistas e produtores. A agenda começa no dia 26 de fevereiro, na aldeia Ywy Dju, Território Sagrado de Piraquara, e segue para o Sesc Paço da Liberdade e para a Cinemateca de Curitiba. O encerramento será em 7 de março, em Guaraqueçaba.
Os resultados das inscrições serão divulgados no dia 10 de janeiro, pelas redes sociais da mostra. O projeto é aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, do Ministério da Cultura.