Por Luiza Rampelotti
No último domingo (11), a Polícia Militar registrou um crime de injúria racial após a partida entre Rio Branco e Patriotas, válida pelo Campeonato Paranaense Sub-20 Série A, no Estádio Nelson Medrado Dias, a Estradinha, em Paranaguá. O time da casa, Rio Branco, venceu o Patriotas por 2 a 1, mas a vitória foi marcada por um episódio de racismo contra dois atletas da equipe visitante.
De acordo com o Boletim de Ocorrência, o torcedor, um homem de 25 anos, morador do bairro Jardim Eldorado, proferiu ofensas racistas contra os jogadores Kayke Soares da Silva, de 18 anos, e Yuri Henrique Guilherme Martins, de 19, ambos do Patriotas. Durante o jogo, o torcedor teria chamado os atletas de “gorila”, atitude confirmada pelas vítimas.
Em súmula, o árbitro da partida, Mansley Lúcio Santos, registrou o relato do atleta Yuri Henrique Guilherme, camisa 5 do Patriotas, que o procurou no centro do campo ao final da partida e informou ter sido chamado de “macaco” por um torcedor do Rio Branco. “Não presenciei o ato, mas respeitando a problemática do caso, avisei o policiamento que estava em campo, e foram até o suposto infrator, encaminhando-o para a delegacia, onde será realizado um boletim de ocorrência pela equipe do Patriotas”, escreveu o árbitro.
Após o árbrito acionar a Polícia Militar, os policiais se dirigiram até a arquibancada e abordaram o suspeito, que negou as acusações, alegando que teria se referido aos jogadores de forma despectiva, mas sem teor racial, dizendo apenas que eles “deveriam fazer curso no SENAI”, uma crítica à falta de profissionalismo da equipe adversária. No entanto, essa versão foi refutada pelas vítimas e pelas testemunhas que estavam no local, que confirmaram o caráter racista das ofensas.
Com base na Lei nº 7.716/1989, que tipifica os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, o torcedor foi conduzido à Delegacia Cidadã de Paranaguá para os procedimentos legais. A ocorrência foi registrada e segue agora sob responsabilidade da Justiça, que tomará as medidas cabíveis conforme a legislação.
O Patriotas Futebol Clube emitiu uma nota repudiando veementemente o ocorrido e se posicionou contra qualquer forma de discriminação. “Racismo, não tem e nunca terá vez! O Patriotas Futebol Clube repudia de forma veemente o fato ocorrido após o fim da partida […] O ocorrido foi reportado ao árbitro da partida e direcionado até a polícia militar presente no local, que após identificar o ‘torcedor’ do Rio Branco, o conduziu à delegacia, juntamente com os atletas que foram vítimas do ato”, afirmou o clube em sua nota. A equipe aguarda agora as providências legais.
Até o fechamento desta reportagem, a Federação Paranaense de Futebol não havia emitido qualquer posicionamento sobre o ocorrido. Da mesma forma, o Rio Branco Sport Club também não se manifestou a respeito da atitude de seu torcedor.
Histórico de polêmicas
Esse episódio não é o primeiro envolvimento do torcedor acusado em situações controversas. Em 18 de abril, durante a partida entre Patriotas e Toledo, o mesmo torcedor já havia gerado polêmica ao se envolver em uma discussão com Marcos Amaral, diretor executivo de futebol do Rio Branco, nas arquibancadas do estádio Fernando Charbub Farah, o Caranguejão. A rivalidade entre o torcedor e o dirigente chegou a um ponto de troca de provocações e acusações mútuas.









