Por Luiza Rampelotti
O tráfego intenso de veículos pesados é um problema crônico que afeta diretamente a rotina dos moradores nos bairros urbanos de Paranaguá. Na manhã da última segunda-feira (6), a Prefeitura realizou uma reunião com representantes do setor de fertilizantes na tentativa de enfrentar uma das consequências mais visíveis dessa desorganização logística: a ocupação irregular dos acostamentos por caminhões, sobretudo nas proximidades das grandes indústrias no Jardim Iguaçu.
O encontro reuniu autoridades municipais e representantes de empresas como Adubos Araguaia e Fertilizantes do Paraná Ltda (Fertipar). Estiveram presentes o diretor de Portos da Prefeitura, João Martins; o secretário de Urbanismo, Luiz Augusto Pellegrinni de Carvalho; o secretário de Segurança, Francisco Nóbrega dos Santos; além de membros da Guarda Civil Municipal e da Guarda Ambiental.
Segundo as autoridades, caminhoneiros vêm utilizando os acostamentos para realizar a limpeza dos veículos antes de entrar nas áreas de carga e descarga, o que tem criado um gargalo logístico e interferido diretamente na mobilidade urbana. “A permanência desses caminhões fora do cronograma de atendimento compromete a operação logística das empresas e interfere diretamente na mobilidade urbana”, pontuou João Martins.
A situação não é isolada. Com frequência, a Ilha do Mel FM tem noticiado os reflexos do descontrole logístico na BR-277 e nas vias de acesso urbano de Paranaguá. Em diversas ocasiões, o tráfego lento se estende por horas, provocado pela concentração de caminhões que aguardam para acessar empresas localizadas em regiões como Vila São Jorge, Embocuí, Jardim Iguaçu, Emboguaçu e Vila Guarani. Moradores registram as longas filas e relatam atrasos para chegar ao trabalho, à escola ou a compromissos pessoais, além de dificuldades no transporte público e o aumento do risco de acidentes em vias já saturadas.
Para o secretário Luiz Augusto Pellegrinni, a questão vai além da logística portuária. “Estamos buscando uma solução conjunta. A ocupação desordenada prejudica o trânsito, compromete a segurança e traz impactos para a população que reside e circula pelo bairro”, afirmou.

Durante a reunião, ficou definido que a Guarda Civil Ambiental intensificará a fiscalização na região para identificar se os veículos estacionados nos acostamentos são de fato vinculados às empresas locais. O secretário Francisco Nóbrega foi direto: “Precisamos identificar quem são os responsáveis por esses veículos e agir dentro da legalidade para coibir abusos”, disse.
As empresas envolvidas afirmaram que vão colaborar com as ações da Prefeitura e reforçar a orientação junto aos motoristas contratados, com foco na organização do fluxo e na redução dos impactos à vizinhança. Também foi acordado que novas reuniões serão realizadas nos próximos dias para avaliar a efetividade das ações de fiscalização.
Trânsito como termômetro da desorganização
O problema escancara um dilema recorrente em Paranaguá: a cidade cresce com o porto, mas a infraestrutura urbana segue pressionada. Moradores do Jardim Iguaçu relatam que, além das filas de caminhões, há falta de sinalização adequada, cruzamentos perigosos e ausência de rotas alternativas viáveis.
Para quem vive no bairro, a sensação é de abandono. “A gente já está acostumado com o barulho, a poeira e o risco. Mas agora nem sair de casa com o carro é fácil. É caminhão parado de manhã, de tarde e de noite”, desabafa Andréia Lima, moradora da região há mais de 20 anos.
Fiscalização intensificada no Jardim Iguaçu
Na última quarta-feira (7), a Guarda Civil Municipal iniciou a operação de fiscalização no bairro Jardim Iguaçu para coibir irregularidades no estacionamento de caminhões e o descarte ilegal de resíduos. Um dos principais alvos foi a Rua das Paineiras, onde diversos veículos pesados estavam estacionados de forma irregular, ocupando os acostamentos e comprometendo o tráfego local.
Além disso, foi identificada uma prática recorrente nas margens da BR-277: motoristas estacionam nos acostamentos para realizar a limpeza dos caminhões antes de seguir para as empresas da região. A ação tem prejudicado o acesso de veículos com agendamento para carga e descarga, agravando os congestionamentos.
A fiscalização também atuou no combate ao descarte irregular de resíduos em áreas públicas, com apoio da Patrulha Ambiental e do Grupo Tático com Apoio de Motocicletas (GTAM). Foram emitidas notificações com base no artigo 54 da Lei Federal nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais), e realizadas orientações ambientais e de trânsito com foco na conscientização de motoristas e pedestres.













