Por Luiza Rampelotti
Durante entrevista à Ilha do Mel FM na última terça-feira (15), o prefeito de Paranaguá, Adriano Ramos (Republicanos), fez um balanço dos primeiros 100 dias de gestão e traçou um panorama das dificuldades enfrentadas pela nova administração, com destaque para o transporte escolar e os atendimentos na Secretaria Municipal de Inclusão. Segundo ele, o cenário encontrado foi de “terra arrasada” em diversas áreas, o que tem exigido medidas urgentes, mas dentro da legalidade e com responsabilidade.
Transporte escolar em situação crítica
O prefeito foi enfático ao descrever o estado da frota do transporte escolar municipal. “O que nós recebemos foi terra arrasada. E eu não posso ser irresponsável ao ponto de colocar ônibus sem condições de transportar nossas crianças”, afirmou. Segundo ele, hoje o município dispõe de apenas metade da frota (14 ônibus) necessária para atender à demanda dos estudantes.
“Não vou colocar ônibus sem condições de transporte. Não dá. A gente tem que entender essas situações. É uma gestão de 105 dias. Nós não podemos sair no mercado e comprar um ônibus. Não é assim, infelizmente, como eu queria que fosse”, declarou Adriano, reforçando que prioriza a segurança dos alunos mesmo diante das críticas.
Para tentar amenizar o déficit, o prefeito afirmou que tem buscado apoio junto a parlamentares. “Ontem (14) o deputado Geraldo Mendes esteve aqui e reafirmou o compromisso de enviar mais três ônibus. Estamos também em articulação com outros deputados para conseguir reforçar a frota. É uma necessidade real e urgente”.
Falta de terapeutas e desafios na inclusão
Outro ponto abordado por Adriano foi a dificuldade na manutenção dos serviços da Secretaria Municipal de Inclusão. O prefeito admitiu que há falta de profissionais especializados, como fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, e que isso tem prejudicado o atendimento a pessoas com deficiência e outras demandas específicas.
“Estamos com falta de terapias. Já falaram que nós vamos acabar com a Secretaria de Inclusão. Que bobagem. Isso passou, foi discurso eleitoral. Nós mantivemos a secretaria e vamos fortalecer mais”, disse. Segundo ele, a transição de governo gerou a perda de profissionais importantes, e a contratação de novos precisa seguir mecanismos legais. “Como que a gente faz se não tem profissional para atender? Tenta um fonoaudiólogo e vê a dificuldade que é conseguir”, explicou.
O prefeito também pontuou que não pretende apresentar desculpas, mas reforçou a necessidade de tempo para colocar a casa em ordem. “Nós vamos resolver. Só que tem um tempo para isso porque estamos no serviço público.”
Cobrança por soluções
Adriano Ramos reforçou o tom adotado desde a campanha eleitoral e início do mandato: o de reconstrução e enfrentamento de passivos herdados da gestão anterior. Ao longo dos primeiros 100 dias, o prefeito tem destacado que muitas áreas exigem reestruturação, e que parte das soluções depende de articulação com o Estado, da superação da burocracia e do respeito à legislação.
Ainda assim, cresce a pressão popular por respostas mais rápidas, especialmente nas áreas de educação, inclusão social e transporte. O prefeito prometeu continuar atualizando a população sobre os avanços e afirmou estar “aberto ao diálogo”, mas reforçou que não irá abrir mão da legalidade nem da responsabilidade em nome da pressa.
“Pode me bater, falar mal da gente, mas eu não sou irresponsável. Eu tenho que ter cuidado com nossas crianças”, finalizou.









