Por Luiza Rampelotti
Morretes alcançou o melhor desempenho regional no Índice de Progresso Social (IPS) 2025, divulgado no final de maio. A nota geral de 59,36 pontos aproxima a cidade da média estadual, que ficou em 60,83, e a posiciona acima da média nacional (5.8,70). Ainda assim, o município não atinge o patamar de “progresso social elevado”, estabelecido a partir de 65 pontos.
O desempenho mostra um território que, embora garanta boa cobertura em saúde, moradia e educação básica, ainda convive com desigualdades de acesso a oportunidades, baixa presença de ensino superior e desafios ambientais persistentes.
O IPS é estruturado em três grandes dimensões: Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-Estar e Oportunidades, todas calculadas com base em 57 indicadores extraídos de fontes públicas como IBGE, DataSUS e ministérios da Educação, Saúde e Desenvolvimento Social.
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Bons resultados em moradia, saúde e nutrição elevam nota em necessidades básicas
Com 74,65 pontos, Morretes teve o melhor resultado da região na dimensão de Necessidades Humanas Básicas, que avalia se a população tem acesso a condições mínimas para sobreviver com dignidade. Dentro dessa dimensão, os dados mostram desempenho expressivo em nutrição e cuidados médicos básicos, com 94,39 pontos, sustentado por altas taxas de vacinação infantil e cobertura de pré-natal – 98% das gestantes realizaram pelo menos sete consultas durante a gravidez, conforme registros do DataSUS.
Outro indicador que impulsiona essa dimensão é o acesso à água potável, com 99,80 pontos, índice quase universal, além do peso adequado de crianças menores de 5 anos, com 87,65 pontos. A mortalidade infantil também aparece abaixo da média nacional.
Em moradia, Morretes alcançou 70,80 pontos, graças à ampla cobertura de eletricidade (acima de 95%) e coleta de lixo, que atinge 93,18% dos domicílios. O principal déficit está na qualidade construtiva das moradias – 38,7% dos domicílios ainda são classificados como inadequados por critérios do IBGE.
O componente mais frágil dessa dimensão foi a segurança pessoal, com 54,62 pontos, puxado por taxas de homicídios e mortes por causas externas. Ainda assim, a nota de Morretes é superior à de Paranaguá (39,47) e Guaratuba (47,78).

Educação básica sólida e boa expectativa de vida sustentam o bem-estar
Na dimensão dos Fundamentos do Bem-Estar, Morretes registrou 63,89 pontos. O destaque foi o acesso ao conhecimento básico, com 74,89 pontos, sustentado por altas taxas de matrícula no ensino fundamental (acima de 98%) e cobertura de professores com formação adequada. A distorção idade-série no ensino fundamental é de 17,3%, índice abaixo da média regional.
Em expectativa de vida saudável, o município obteve 67,28 pontos, com uma expectativa de vida de 75,2 anos, taxa de mortalidade prematura de 121 por 100 mil habitantes, e uma queda consistente nos casos de mortalidade evitável, segundo os dados compilados do DataSUS.
Por outro lado, sustentabilidade ambiental ficou com 49,51 pontos. A cidade apresenta altas taxas de desmatamento acumulado da Mata Atlântica e problemas com destinação de resíduos sólidos – apenas 18% do lixo doméstico vai para destinação ambientalmente adequada. Além disso, o índice de cobertura de esgoto tratado ainda está abaixo de 40%, refletindo impacto ambiental elevado, mesmo em um território reconhecido por sua importância ecológica e turística.
Baixo acesso à universidade e mobilidade social limitada ainda travam o avanço
A nota mais baixa de Morretes foi na dimensão das Oportunidades, com 39,55 pontos, em linha com a média regional, mas ainda muito aquém do ideal.
O pior indicador está no componente de liberdade individual e de escolha, com apenas 28,55 pontos, sinalizando a presença de barreiras estruturais para que os cidadãos exerçam sua autonomia e influenciem decisões políticas. O acesso à educação superior ficou em 31,58 pontos, com taxa de matrícula universitária entre jovens de 18 a 24 anos abaixo de 13%, o que revela a ausência de instituições de ensino superior na cidade ou programas de acesso consolidados.
O componente de equidade e inclusão teve 45,19 pontos, refletindo desigualdades de gênero e raça, ainda que Morretes tenha índices mais baixos de violência doméstica e feminicídio do que a média estadual. Em direitos individuais, a nota foi de 53,60, impulsionada pela presença de estruturas institucionais mínimas, como Defensoria Pública e atuação do Ministério Público.







