Por Luiza Rampelotti
A aproximação do inverno em Paranaguá vem acompanhada de um cenário preocupante: o aumento de síndromes respiratórias agudas (SRAG), principalmente entre crianças. O alerta é da Secretaria Municipal de Saúde, que identificou um crescimento de atendimentos por doenças respiratórias nas unidades básicas de saúde (UBS) e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município, especialmente nas últimas semanas de maio.
De acordo com a secretária Patrícia Scacalosi, entre os dias 27 e 29 de maio, cerca de 700 a 800 pessoas buscaram atendimento na UPA, muitas com sintomas gripais e respiratórios. “As crianças são as mais atingidas. Tivemos um aumento de 30% nos casos de síndromes respiratórias nesse público“, afirmou em entrevista à Ilha do Mel FM.
Doenças mais frequentes
Segundo o levantamento da Vigilância em Saúde, entre os meses de janeiro e maio de 2025, as doenças respiratórias mais registradas em Paranaguá foram o resfriado comum (nasofaringite), com 786 casos, seguido pela influenza (gripe por vírus), com 553 notificações. A rinite aparece com 304 registros, e a asma com 301. Também foram identificados 199 casos de Covid-19, 67 de pneumonia e 3 de tuberculose.
No total, já são 2.209 casos notificados apenas nos cinco primeiros meses do ano, número que pode ultrapassar os de 2024 até o fim de 2025, caso a tendência de aumento se mantenha. Em comparação, foram 4.899 casos em todo o ano de 2024 e 7.212 em 2023.
Patrícia destacou que os vírus mais comuns neste momento em Paranaguá são o rinovírus e o adenovírus, associados ao resfriado comum. No entanto, há circulação ativa do vírus Influenza A e do Vírus Sincicial Respiratório (VSR), este último responsável por quadros mais graves em crianças pequenas. “O VSR deu uma estacionada, mas seguimos atentos. Ele é perigoso em crianças e pode levar à internação se não for identificado logo”, alertou.
Crianças lideram os atendimentos
Os dados da Vigilância indicam que crianças de 1 a 10 anos concentram a maioria dos registros de doenças respiratórias em 2025. Apenas nessa faixa etária, foram contabilizados 1.657 atendimentos, o que representa 75% dos casos totais registrados até agora.
A secretária reforça que, embora a maioria dos casos possa ser tratada em casa, febre persistente deve ser sinal de alerta. “Se a criança estiver apenas com coriza e tosse leve, os pais podem cuidar em casa. Mas febre é indicativo para procurar uma unidade de saúde”, orientou.
Baixa cobertura vacinal e resistência da população
A campanha de vacinação contra a gripe começou em 1º de abril, mas ainda enfrenta resistência. Até agora, apenas 27 mil pessoas foram vacinadas em Paranaguá, o que representa cerca de 39% da meta. A estimativa da Secretaria de Saúde é que o público-alvo totalize 60 mil pessoas, o que significa que ainda faltam cerca de 33 mil a serem imunizadas.
“A população tem resistência à vacina. É um desafio cultural. Precisamos desconstruir essa ideia. A vacina contra a gripe é segura, estudada há décadas e a melhor forma de evitar complicações”, reforçou Patrícia. Ela destacou que a vacina de 2025 protege contra três cepas do vírus influenza: duas do tipo A e uma do tipo B.
Entre os grupos prioritários, a baixa adesão das gestantes chama a atenção. “As gestantes estão entre os grupos mais vulneráveis, e mesmo assim ainda não aderiram à vacinação. Quero fazer um apelo: se você está grávida, vacine-se. A vacina é segura para você e seu bebê”, disse a secretária.
Estratégias da prefeitura para ampliar a imunização
Para alcançar o público que ainda não se vacinou, a Secretaria Municipal de Saúde de Paranaguá tem realizado uma série de ações extramuros, expandindo a oferta da vacina para além das unidades básicas de saúde. A vacinação está sendo levada a CMEIs, escolas e empresas, além de ter sido promovida em locais de grande circulação, como o porto e o Shopping Estação Mall. A gestão também tem realizado campanhas de multivacinação aos sábados e estuda a realização de ações específicas no Aeroparque aos domingos.
Atualmente, a vacinação contra a gripe está aberta a toda a população a partir dos seis meses de idade. Todas as 16 unidades básicas de saúde estão aplicando a vacina das 8h às 16h, sem intervalo para o almoço.

Falta de profissionais ainda é desafio
Durante a entrevista, a secretária também destacou a falta de recursos humanos como um dos principais gargalos enfrentados pelo sistema de saúde municipal. Segundo ela, atualmente, Paranaguá conta com 36 equipes da Estratégia de Saúde da Família, enquanto o número considerado ideal pelo Ministério da Saúde é de 72.
Para recompor gradualmente essas equipes, a Prefeitura iniciou o chamamento de 29 agentes comunitários de saúde, aderiu ao Programa Mais Médicos – que prevê a chegada de quatro novos profissionais até setembro – e incorporou recentemente dois enfermeiros à rede básica.
“O déficit de profissionais impacta diretamente o atendimento nas UBSs e gera sobrecarga na UPA. Nosso objetivo é ampliar gradualmente essas equipes”, declarou.
Vacinação contra a gripe em Paranaguá
- Público atual: toda população a partir de 6 meses de idade
- Grupos prioritários: crianças, gestantes, idosos
- Locais: 16 UBSs em Paranaguá (8h às 16h, sem fechar para o almoço)
- Restrições: pessoas com febre ou com alergia severa a ovo devem evitar a vacina temporariamente








