Por Luiza Rampelotti
O Projeto de Lei nº 076/2025, que propunha o pagamento de auxílio-alimentação de até R$ 1.420,20 a vereadores, assessores e servidores da Câmara Municipal de Matinhos, foi retirado de pauta nesta semana, após intensa repercussão negativa nas redes sociais e manifestações contrárias da população. A proposta, que seria lida oficialmente na sessão da última segunda-feira (7), acabou sendo barrada pelo próprio grupo de vereadores que a havia assinado.
A pressão da opinião pública foi determinante para o recuo. Em vídeo publicado em suas redes sociais, a vereadora Hirman Ramos Eiglmeier Ferreira (Podemos), a Hirman da Saúde, afirmou que retirou sua assinatura do projeto após ouvir os apelos da comunidade. “Eu ouvi o clamor de todos, ouvi as mensagens, ouvi primeiramente a minha família que me pediu. Não é feio a gente voltar atrás, é feio a gente persistir no erro”, declarou. A parlamentar também afirmou que, como funcionária pública estadual, já recebe benefício semelhante e não teria interesse em receber o novo auxílio.
O vereador Anderson da Silva dos Santos (MDB), que também retirou apoio à proposta, justificou sua decisão em nota pública. “Em respeito à vontade da população de Matinhos, solicitei a retirada da minha assinatura. Diante da discordância expressa por muitos matinhenses, optei por me posicionar de forma coerente com os interesses da nossa comunidade”.
Já o vereador Dornelles Silveira Lourenço (PRTB), o Nelinho Lourenço, confirmou que o projeto foi oficialmente retirado de pauta e que não há previsão de retomada. “Talvez retorne no próximo ano, mas isso ainda não é certo”, declarou à Ilha do Mel FM.
A iniciativa, que havia sido assinada também por Sandro Moacir Braga (PSD), o Sandro do Gás, Roque Sozo (PRTB) e Leandro Bertotti (PSDB), gerou críticas especialmente pelo contraste com o valor pago atualmente aos servidores da Prefeitura, de R$ 462. A proposta previa pagamento mensal do auxílio no valor de quatro UFMs (Unidades Fiscais Municipais) aos funcionários da Câmara, além de sua incorporação ao 13º salário.
A população reagiu com indignação. “Esses vereadores têm que votar para melhorar a cidade de Matinhos, cuidar mais do povo. Mas preferem votar para ter vale-refeição. Já ganham um absurdo para não fazer quase nada de melhoria pra cidade. Vergonhoso”, escreveu Jacira Zimmermann Santos nas redes sociais. Outros apontaram que o projeto representava um claro exemplo de privilégio e desconexão com a realidade da maioria dos trabalhadores da cidade.
O recuo dos parlamentares foi visto por parte da população como resultado direto da mobilização social. Em meio a críticas por “legislar em causa própria”, muitos exigiram maior transparência e participação da comunidade nas decisões do Legislativo. “A vontade do povo é soberana. A população de Matinhos acordou. Parabéns povo matinhense”, escreveu João Luiz Guttemberg nas redes sociais.








