IAT reforça alerta para evitar “temporada de resgates” no Pico do Marumbi em Morretes
Os trajetos mais procurados — Rochedinho (22%), Olimpo (21%) e Abrolhos (20%) — concentram a maioria dos casos por combinarem grande fluxo de pessoas e alta exigência física
O Instituto Água e Terra (IAT) e o Corpo de Socorro em Montanha (Cosmo) alertam visitantes sobre o aumento de incidentes no Parque Estadual Pico do Marumbi, em Morretes.
Segundo levantamento publicado pela SciELO Brasil, 75% das ocorrências registradas no local acontecem entre outubro e maio — período de calor intenso, chuvas mais frequentes e menor disponibilidade de pontos de hidratação.
Foto: Denis Ferreira Netto/SEDEST-PR
DADOS
O estudo, concluído em 2023 com base em cadastros e registros de acidentes, aponta que 58% dos incidentes estão ligados a atrasos, cansaço e desidratação; 39% a quedas, fraturas ou doenças; e 3% a pânico ou vertigem.
Além disso, 56% dos visitantes são estreantes, o que reforça a necessidade de planejamento e preparo físico antes de iniciar as trilhas.
Os trajetos mais procurados — Rochedinho (22%), Olimpo (21%) e Abrolhos (20%) — concentram a maioria dos casos por combinarem grande fluxo de pessoas e alta exigência física.
Foto: Denis Ferreira Netto/SEDEST-PR
PREVENÇÃO
Caius Marcellus Ferreira, coordenador de Comunicação do Cosmo, explica que o perfil dos visitantes muda fora da chamada “temporada de montanha”.
“Durante a temporada, o público costuma ser mais experiente, chega cedo e usa equipamentos adequados. Já no período de calor, há mais visitantes inexperientes, o que aumenta o risco de incidentes”, destaca.
Segundo ele, a expressão “temporada de resgates” reflete uma realidade preocupante:
“São situações que vão desde desidratação severa até exaustão extrema. O número de atendimentos é significativo e serve como alerta.”
Ferreira reforça que os principais fatores que levam a resgates são falta de preparo físico, desconhecimento do terreno e planejamento inadequado.
“O cansaço compromete o julgamento e pode gerar decisões erradas. Por isso, reforçamos sempre a importância da hidratação, preparo e planejamento”, acrescenta.
Foto: Denis Ferreira Netto/SEDEST-PR
RECOMENDAÇÕES
Entre os itens essenciais, o coordenador cita calçados adequados, perneiras, lanternas com pilhas reservas e o preenchimento do cadastro obrigatório com o destino exato da trilha. Alterar o trajeto sem comunicação é considerado infração grave.
Outro ponto fundamental é respeitar o horário limite de acesso às trilhas, que é às 9h.
“Celular não é lanterna. Serve para pedir ajuda, não para iluminar o caminho”, ressalta Ferreira.
RESGATES
Quando ocorre um acidente, um “coelho” — plantonista do Cosmo — é designado para o socorro, levando mochila de resgate com itens de estabilização e hidratação.
Nos casos mais graves, o Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA) pode atuar com helicóptero, dependendo das condições climáticas.
Se a evacuação aérea não for possível, o resgate é feito por via terrestre, exigindo até dez horas de descida com maca para cada hora de subida.
RESPONSABILIDADE
O chefe do Parque Estadual Pico do Marumbi, Gabriel Camargo Macedo, reforça que seguir os protocolos é essencial para a segurança.
“O cadastro, a identificação e o termo de risco são mecanismos de segurança. Eles garantem que, em caso de emergência, o visitante esteja em um ambiente controlado e acompanhado”, explica.
Ele também recomenda atenção constante à hidratação e à alimentação, independentemente da época do ano.
Foto: Denis Ferreira Netto/SEDEST-PR
ATRATIVOS
Com 8,7 mil hectares, o Parque Estadual Pico do Marumbi é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral e abriga parte da histórica Ferrovia Paranaguá-Curitiba.
Entre os principais atrativos estão o Salto dos Macacos, o Caminho do Itupava e o Conjunto do Marumbi, com picos que ultrapassam mil metros de altitude, como a Ponta do Tigre (1.400 m), além das trilhas Noroeste, Frontal e Morro do Rochedinho.