Por Luiza Rampelotti
Há exatamente 14 anos, o Litoral do Paraná vivia uma de suas maiores tragédias naturais. Em 11 de março de 2011, chuvas extremas castigaram a região, deixando quatro mortos, mais de 10 mil pessoas desabrigadas, danificando cerca de 4 mil moradias e afetando um total de 27 mil moradores em Morretes, Antonina, Paranaguá e Guaratuba. O desastre, que ficou conhecido como Desastre Águas de Março, deixou um rastro de destruição, mas também foi um marco para a evolução dos protocolos de resposta a emergências no estado.
Na ocasião, alguns pontos do Litoral registraram 200 milímetros de chuva em um único dia, o equivalente a quase toda a média mensal da região, que é de 250 mm. A força das águas arrastou casas, pontes e barreiras, levando ao isolamento total do litoral paranaense por quatro dias. Com as rodovias interditadas, a população enfrentou dias sem água e sem energia elétrica.
Uma tragédia sem precedentes
As cenas eram de destruição. Em Morretes, um morro inteiro deslizou, soterrando casas e deixando centenas de famílias sem lar. A BR-277 teve pontes levadas pela enxurrada, enquanto a BR-376 enfrentou quedas de barreiras que tornaram inviável o acesso por terra ao Litoral. As ruas das cidades atingidas se transformaram em rios, pedras e sedimentos despencaram de encostas, e os entulhos carregados pela correnteza ampliaram os estragos. Comunidades inteiras ficaram isoladas, aguardando, em alguns casos por dias, resgate em meio aos destroços.
Segundo a Coordenadoria da Defesa Civil, a tragédia foi um divisor de águas na gestão de desastres no estado. “A resposta ao desastre evidenciou a necessidade de aprimorarmos nossos protocolos, para que situações como essa não se repetissem com a mesma intensidade“, afirmou o capitão Marcos Vidal da Silva Junior, da Defesa Civil.
Aprendizados e avanços na Defesa Civil
Desde então, diversas medidas foram implementadas para reforçar a resposta a eventos climáticos extremos. Uma das principais iniciativas foi a implantação do CEGERD – Centro de Gerenciamento de Riscos e Desastres, que concentra todas as informações sobre ocorrências e permite uma atuação mais ágil e coordenada. Além disso, foram desenvolvidos:
- O Plano de Contingência Online, que facilita o mapeamento de áreas de risco nos municípios do Paraná;
- Treinamentos comunitários e simulados de evacuação, especialmente em áreas vulneráveis do Litoral;
- O Regime de Força-Tarefa, que agiliza a atuação conjunta de segurança pública, defesa civil, assistência social, infraestrutura e saúde em casos de emergência;
- Monitoramento aprimorado em parceria com órgãos como Simepar, Mineropar, Águas Paraná e ITCG, para identificar precocemente os sinais de alerta e prevenir tragédias.
Quatorze anos depois, as cicatrizes daquele março de 2011 ainda estão na memória dos moradores do litoral paranaense. Mas, mais do que lembrar a destruição, o episódio serve como um alerta constante para que novas tragédias possam ser evitadas.