Por Luiza Rampelotti
No Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, celebrado mundialmente nesta segunda-feira (25), a delegada Maluhá Soares, da Polícia Civil de Paranaguá, concedeu entrevista ao programa Rede Notícias, da Ilha do Mel FM, para reforçar a importância da data e conscientizar a sociedade sobre o enfrentamento à violência de gênero. Responsável pelos casos de violência doméstica contra a mulher na região, a delegada destacou avanços significativos, como as medidas protetivas, mas alertou que ainda há muitos desafios para proteger mulheres e romper ciclos de violência.
A data foi instituída pela ONU em memória das irmãs Mirabal, assassinadas em 1960 durante a ditadura na República Dominicana. Para a delegada, a celebração do dia vai além de um marco histórico, servindo como um alerta para a necessidade de conscientização social e de encorajamento às denúncias. “O Brasil avançou com a Lei Maria da Penha, de 2006, que trouxe mecanismos importantes, como as medidas protetivas de urgência. Mas ainda há muito a ser feito”, disse.
Assista à entrevista completa:
Mais de 503 pedidos de medidas protetivas apenas em 2024
Durante a entrevista, a delegada explicou que, segundo a Lei Maria da Penha, existem cinco tipos principais de violência: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. “A violência psicológica é a mais comum e, ao mesmo tempo, a mais difícil de ser identificada e provada. Muitas mulheres não sabem que estão sendo vítimas“, observou. Já a violência patrimonial, como o dano a bens pessoais, e a violência moral, que inclui injúrias e difamações, também têm registros significativos na delegacia.
Em Paranaguá, os números demonstram a gravidade do problema. Em 2023, foram solicitadas 553 medidas protetivas de urgência, e em 2024, até o momento, já foram registradas 503 solicitações. “Isso mostra que quase todos os dias uma mulher busca ajuda. Ainda assim, sabemos que muitos casos permanecem invisíveis, com mulheres que não têm coragem ou condições de denunciar“, destacou Maluhá.
A importância do rompimento do ciclo de violência
A delegada reforçou que a violência contra a mulher geralmente segue um ciclo que começa com ofensas verbais e psicológicas e pode escalar para agressões físicas e até feminicídio. “Quanto antes a mulher denunciar, maior é a chance de interromper esse ciclo“, alertou. Ela também enfatizou que, para quem presencia casos de violência, a omissão pode ser interpretada como crime. “Se você testemunhar uma violência e não fizer nada, pode responder por omissão de socorro“, explicou.
Além do apoio à mulher, a delegada ressaltou a necessidade de conscientização social. “Frases como ‘em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher’ perpetuam o machismo. A sociedade precisa mudar essa mentalidade e encorajar as vítimas a buscar ajuda“, comentou.
Canais de denúncia e o papel da rede de proteção
Os canais de denúncia são fundamentais para facilitar o acesso à proteção. O 190 deve ser acionado em casos de flagrante, enquanto o 180 oferece suporte para relatos anônimos e informações sobre violência. “A Polícia Civil está de portas abertas 24 horas por dia, mesmo nos fins de semana. Estamos aqui para ajudar“, garantiu a delegada.
Encerrando a entrevista, Maluhá Soares deixou um apelo para as mulheres e a sociedade. “Denunciem. As medidas protetivas estão aí para afastar o agressor e proteger as vítimas. E para os amigos e familiares, encorajem as mulheres a buscar ajuda. É essencial que todas se sintam apoiadas para quebrar o ciclo da violência“, concluiu.