Você se lembra da última coisa que comeu? Há grandes chances de ter sido um alimento ultraprocessado – produtos que passam por uma sequência de técnicas industriais, incluindo a adição de ingredientes artificiais e substâncias que modificam o sabor, além de processos que alteram as propriedades físicas e químicas do alimento.
Um estudo realizado pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP revela que os ultraprocessados já representam 25% das calorias consumidas no Brasil. Em países como os Estados Unidos, Inglaterra e Canadá, a situação é ainda mais preocupante: 55,5%, 56,8% e 48% das calorias consumidas, respectivamente, provêm de ultraprocessados.
Esses alimentos ganharam o mundo principalmente devido ao seu baixo custo e altos níveis de sal, açúcar e gordura – três ingredientes altamente atrativos para o paladar humano. No entanto, eles trazem consigo uma série de riscos à saúde.
Pesquisas indicam que o consumo de ultraprocessados está associado a um risco maior de desenvolver 25 tipos de câncer. Um levantamento europeu que acompanhou 521 mil pessoas por uma década destaca essa relação alarmante. Além disso, estudos apontam que esses alimentos estão ligados a depressão, ansiedade, declínio cognitivo e um aumento significativo no risco de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.
No Brasil, a situação é crítica. Um estudo realizado por pesquisadores da USP, Fiocruz, Unifesp e da Universidade de Santiago (Chile) estima que os ultraprocessados causam 57 mil mortes prematuras por ano. Esse número supera o de vítimas de acidentes de trânsito e homicídios no país, que somam cerca de 30 mil e 39.500 mortes, respectivamente.
A popularidade dos ultraprocessados não é apenas um problema de saúde individual, mas uma questão de saúde pública. É essencial repensar nossas escolhas alimentares e promover uma dieta mais saudável e equilibrada para prevenir essas doenças e melhorar a qualidade de vida.
Com informações de Super Interessante