Quase dois anos após a morte brutal de Kameron Odila Gouvêa Osolinski, de 11 anos, crime que abalou Guaraqueçaba e todo o Litoral do Paraná, o padrasto da criança, Givanildo Rodrigues Maria, 35 anos, será julgado pelo Tribunal do Júri nesta quarta-feira (9), no Fórum de Antonina. Ele é réu confesso e responde por homicídio qualificado, estupro de vulnerável e ocultação de cadáver.
O julgamento será com as portas fechadas; só poderão acompanhar os familiares da vítima e do réu. Foram convocadas 18 testemunhas de defesa e acusação. A expectativa é que o júri dure dois dias.
Por meio de nota, o advogado Cristiano Dias Souza, responsável pela defesa de Givanildo, afirmou que espera que o julgamento seja “justo, respeitoso ao sistema processual, ao contraditório e a amplitude de defesa”.
Relembrando o crime que abalou Guaraqueçaba
O crime ocorreu no dia 26 de abril de 2023, na comunidade rural de Ipanema, em Guaraqueçaba. Naquela tarde, Kameron retornou da escola e avisou à mãe que iria à casa de uma amiga para fazer um trabalho. A criança nunca mais foi vista com vida. Preocupada com a demora da filha, a mãe foi até a casa da colega e descobriu que Kameron não havia passado por lá.
A busca desesperada mobilizou a cidade, mas a esperança se transformou em luto no dia seguinte, quando o corpo da menina foi encontrado em uma área de mata. A brutalidade do crime, com sinais de violência sexual e estrangulamento, causou revolta e indignação.
As investigações apontaram para o envolvimento do padrasto, Givanildo Rodrigues Maria, que inicialmente negou qualquer participação. No entanto, após contradições nos depoimentos e pressão dos investigadores, ele acabou confessando os crimes. Disse ter abusado sexualmente da enteada, estrangulado a menina e, em seguida, ocultado o corpo na mata. A confissão ocorreu durante depoimento prestado na Delegacia Cidadã de Paranaguá.
Pouco antes da prisão definitiva, Givanildo chegou a ser liberado por força de um alvará, mas foi detido novamente menos de 24 horas depois, ao ser flagrado tentando invadir uma residência na área central de Paranaguá, nas proximidades da cadeia pública. De acordo com os relatos policiais, ele demonstrava medo de ser morto.
O Ministério Público do Paraná apresentou denúncia à Justiça apenas duas semanas após o crime. A acusação aponta cinco qualificadoras para o homicídio: feminicídio, meio cruel (asfixia), impossibilidade de defesa da vítima, crime contra menor de 14 anos e motivo torpe — neste caso, a intenção de assegurar a impunidade pelo estupro de vulnerável. Além disso, ele também foi denunciado por ocultação de cadáver.
Já responde por homicídio
Givanildo possui antecedentes criminais: já respondeu por um homicídio cometido na adolescência e por violência doméstica contra ex-companheiras. Em depoimento anterior, chegou a afirmar que “tinha a consciência limpa”, mas a confissão posterior e a gravidade dos fatos levaram o Ministério Público a pedir a prisão preventiva.