Durante coletiva de imprensa realizada na quarta-feira (2), o prefeito de Paranaguá, Adriano Ramos (Republicanos), fez declarações contundentes sobre a atual gestão e heranças deixadas pelo governo anterior. A fala começou com a expansão de atendimentos terapêuticos na Secretaria de Inclusão, mas tomou rumo crítico e incluiu denúncias de contratos públicos com indícios de superfaturamento, problemas estruturais na merenda escolar e até um alerta sobre possíveis irregularidades no transporte público e no fornecimento de água e saneamento.
“Vou repetir uma frase que eu vou falar o tempo todo que eu tiver aqui: se existiu ladrão na Prefeitura, agora não existe mais. Eu garanto para vocês”, afirmou o prefeito.
Adriano criticou duramente a Viação Rocio, responsável pela operação do transporte coletivo na cidade, afirmando que a população “não merece andar em ônibus quebrado, com elevador sem funcionar e sem ar-condicionado, com bafo quente a 44°C”. Ele destacou que, embora o projeto Tarifa Zero tenha sido herdado da gestão anterior, será mantido com melhorias. “Ônibus de graça, sim. Mas com qualidade. É ônibus zero com Wi-Fi, ar-condicionado, tomada. É isso que o povo de Paranaguá merece”, disse.
Contratos sob suspeita e promessa de auditoria
O prefeito revelou que uma série de contratos administrativos estão passando por auditoria da recém-criada Secretaria de Fiscalização dos Contratos. Segundo ele, muitos foram aditivados em até 25% nos últimos dias de mandato, elevando os valores “sem justificativa”.
“Não sei se foram 17 ou 19 contratos. Simplesmente pegava a caneta e aumentava em 25%. Isso é inaceitável. Simplesmente assim: se o contrato era de R$ 1 milhão, virou R$ 1,25 milhão, com uma canetada”, declarou.
Adriano prometeu divulgar documentos que comprovem as suspeitas, e afirmou que sua equipe está conduzindo uma revisão criteriosa, por meio da Secretaria de Fiscalização de Contratos.
Adriano citou ainda o contrato de fornecimento de galões de água. “Tinha licitação pronta para pagar R$ 19 por um galão de 20 litros. Nós suspendemos e hoje pagamos R$ 8,97. Isso é gestão com responsabilidade”, afirmou. Ele prometeu apresentar documentos e números à imprensa nas próximas semanas. “Vai assustar muita gente”, disse.
Em uma das denúncias mais graves, Adriano fez alusão a supostas irregularidades no contrato da merenda escolar. Sem citar diretamente empresas ou pessoas, disse que o Município está em tratativas com a fornecedora e que haverá desdobramentos. “Se existiu ladrão na Prefeitura, agora não existe mais. E se esse dinheiro for da merenda das crianças, é ainda mais grave”, declarou. “Ladrão tem que estar na cadeia”, disse.
Demanda por terapias e falta de profissionais
Adriano também comentou a situação da Secretaria Municipal de Inclusão, onde, segundo ele, houve um colapso no início da gestão por falta de terapeutas ocupacionais. “Começamos a gestão sem T.O.s, porque duas se aposentaram e uma voltou para a Saúde. Ficamos sem atendimento. Hoje conseguimos recompor, mas a demanda aumentou: de 320 crianças laudadas em janeiro para mais de 500 em julho. E deve chegar a mil até dezembro”, alertou.
Outro dado revelado foi a redução drástica do orçamento da Secretaria de Esportes, que, segundo o prefeito, caiu de cerca de R$ 9 milhões para R$ 4 milhões. Mesmo assim, a atual gestão afirma ter ampliado os projetos esportivos em 10%. “É possível fazer mais com menos, com seriedade e cuidado com o dinheiro público”, disse.
Paranaguá Saneamento sob pressão
Sobre a empresa de água e esgoto, o prefeito indicou que “a farra acabou”. Disse que está aplicando multas e exigindo qualidade nos serviços. “Talvez tenhamos a tarifa mais cara do Brasil. Isso não pode continuar assim”, afirmou.
Ele também criticou cortes de asfalto sem autorização da Prefeitura. “A farra acabou. Agora, só com reposição de qualidade. A empresa está pianinha agora conosco”.