Por Luiza Rampelotti
A manhã desta segunda-feira (3) foi marcada por um trânsito caótico em Paranaguá. Longas filas de veículos se formaram na Avenida Ayrton Senna, com congestionamento nos dois sentidos, enquanto a BR-277 também registrou lentidão. O motivo? O acúmulo de caminhões no acesso às empresas localizadas na Avenida Senador Atílio Fontana, comprometendo consideravelmente a mobilidade urbana da cidade.
Segundo a concessionária EPR Litoral Pioneiro, responsável pela rodovia, o congestionamento foi causado pela fila de caminhões aguardando atendimento nas empresas situadas na Avenida Senador Atílio Fontana. A Ilha do Mel FM apurou que esses motoristas estavam a caminho da limpeza obrigatória dos veículos, exigida para o transporte de granéis no Porto de Paranaguá. Atualmente, apenas duas empresas realizam esse serviço na cidade: WSC e Fast Frete, o que tem gerado um gargalo operacional e impactado o fluxo viário.
Para minimizar os transtornos, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Guarda Civil Municipal (GCM) interditaram a rotatória do Parque São João, buscando melhorar o fluxo na região. No entanto, a medida foi paliativa, e a raiz do problema está na falta de estrutura para a realização do serviço.
Interdição do pátio da Vila da Madeira agravou a situação
O cenário caótico enfrentado nesta segunda-feira é um reflexo direto da interdição do pátio de limpeza de caminhões da Vila da Madeira, realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em 18 de outubro de 2024. O espaço, disponibilizado pela Portos do Paraná e administrado pela Associação dos Operadores Portuários de Granéis Sólidos de Importação do Porto de Paranaguá (AGRASIP), continua interditado, sem previsão de reabertura.
Com a interdição do pátio da Vila da Madeira, toda a demanda de limpeza de caminhões passou a ser absorvida pela WSC e Fast Frete, ambas localizadas na mesma região. Isso tem gerado longas filas e impactado diretamente o tráfego nas principais vias de acesso.
Além disso, essas empresas também prestam serviços para algumas fábricas de fertilizantes, o que intensifica ainda mais o fluxo de veículos no local. Caminhoneiros que irão carregar nessas fábricas precisam se registrar nas empresas de limpeza, passar pela triagem e aguardar a liberação para o carregamento, aumentando a concentração de caminhões na área e agravando o congestionamento.
Motoristas sem opção e exigência das fábricas
Eduardo Guterres, empresário do setor de transporte e logística em Paranaguá, explicou que o congestionamento registrado na cidade é consequência direta da exigência das fábricas para que os caminhões estejam completamente limpos antes do carregamento no porto. Segundo ele, a falta de estrutura adequada para atender essa demanda tem sobrecarregado as vias urbanas.
“Antes, muitos motoristas realizavam a limpeza dos caminhões em via pública, o que gerava transtornos para empresas e para o trânsito. Para evitar esse problema, passou-se a exigir a comprovação da limpeza em locais autorizados. O problema é que, atualmente, Paranaguá conta apenas com duas empresas que realizam esse serviço, e elas não têm capacidade para atender toda a demanda, o que resulta nessas filas enormes e impacta diretamente a mobilidade da cidade”, disse.
Ele também destacou que a situação foi agravada pela interdição do pátio da Vila da Madeira, que era a principal área destinada à limpeza dos caminhões.
“Desde a interdição do pátio, os caminhoneiros ficaram sem opções para realizar a limpeza obrigatória dos veículos. Agora, toda a demanda se concentra em apenas duas empresas, que estão localizadas na mesma rua. Isso significa que todo o fluxo de caminhões se direciona para um único ponto da cidade, sobrecarregando o tráfego e causando os transtornos que estamos vendo”.
Sem agendamento prévio, os motoristas chegam por conta própria e acabam formando grandes filas, aumentando ainda mais o congestionamento.
Empresas buscam soluções para amenizar o problema
A Ilha do Mel FM entrou em contato com as empresas responsáveis pelo serviço de limpeza para entender quais medidas estão sendo adotadas para reduzir os impactos.
Diego Gonçalves, representante da Fast Frete, informou que a empresa está buscando alternativas para mitigar a situação.
“Estamos fazendo o possível para melhorar o fluxo. Embora haja várias empresas que contribuam para esse fluxo intenso de caminhões, de nossa parte, estamos estendendo o atendimento para 24 horas por dia, com três a quatro linhas de atividade na limpeza, tentando agilizar ao máximo”, destacou Gonçalves.
Ele também reforçou que a falta de agendamento prévio por parte dos motoristas dificulta a organização. “Os motoristas chegam sem controle de horário, o que torna complicado administrar a quantidade de veículos. Quando atingimos o limite, começamos a dispensar, mas seguimos trabalhando para atender a demanda”, disse.
A WSC, outra empresa responsável pelo serviço, afirmou que mantém controle sobre a entrada e saída de veículos em seu pátio e que, na maior parte do dia, não há acúmulo significativo de caminhões na entrada.
Segundo a empresa, as filas eventuais ocorrem quando motoristas que não estão aptos a acessar o pátio utilizam a área para estacionar, devido à falta de outros locais disponíveis. A WSC destacou que opera com contratos e mantém sua capacidade em até 75% da lotação do espaço, além de possuir todas as licenças municipais em dia.
A empresa também ressaltou que o congestionamento registrado na Avenida Senador Atílio Fontana não está diretamente relacionado à procura pelo seu pátio, mas sim a questões logísticas mais amplas da cidade. De acordo com a WSC, muitos caminhoneiros utilizam a via para acessar outras empresas da região ou como alternativa para evitar o trânsito da Avenida Ayrton Senna.