Por Luiza Rampelotti
Na última terça-feira (8), 13 homens presos na Cadeia Pública de Paranaguá tomaram uma decisão simbólica e profunda: foram batizados dentro das próprias celas, em uma cerimônia conduzida pelo pastor Marcelo Steski, voluntário do projeto Universal nos Presídios (UNP). O ritual do batismo, tradicionalmente realizado em igrejas ou em rios, foi adaptado para a realidade carcerária.
Cada detento, com a cabeça inclinada dentro da cela, recebeu a água como símbolo da renovação espiritual e da entrega à fé cristã. “Fisicamente, ainda estão presos. Mas espiritualmente, foram libertos”, definiu o pastor em entrevista à Ilha do Mel FM.
A iniciativa foi promovida pelo UNP, braço da Igreja Universal do Reino de Deus que há mais de três décadas atua dentro do sistema prisional brasileiro. Presente em mais de 1.300 das 1.458 unidades penitenciárias do país, o projeto tem como objetivo oferecer apoio espiritual, emocional e social a presos, seus familiares e também a agentes penitenciários. A proposta é clara: transformar vidas por meio da fé e da escuta ativa.
“O trabalho que fazemos aqui é uma extensão do que o UNP realiza em todo o Brasil. Visitamos a cadeia quinzenalmente com voluntários, levamos a palavra de Deus, oramos por eles e, quando possível, também apoiamos suas famílias fora dos muros”, explicou o pastor Marcelo.
Ele destacou ainda que o batismo foi resultado de um apelo feito durante uma dessas visitas. “Treze detentos tomaram a decisão de entregar suas vidas ao Senhor Jesus. Foi um momento marcante. A transformação que a fé opera é algo que a gente presencia com frequência”, disse.
A decisão de se batizar não é apenas simbólica. Para muitos desses homens, representa a oportunidade de um recomeço, mesmo diante das limitações impostas pela privação de liberdade. “Eles entendem que o passado não pode ser apagado, mas acreditam que o futuro pode ser diferente. É isso que o batismo representa para eles”, reforçou o pastor.
O alcance do projeto vai além das fronteiras brasileiras. Atualmente, o UNP está presente em mais de 55 países, alcançando cerca de 39 mil presos, familiares e profissionais dos sistemas prisionais.
Para os 13 detentos batizados na Cadeia Pública de Paranaguá, o gesto representou mais do que um ato de fé: foi um grito por mudança, uma tentativa de reconstruir a própria história. “A palavra de Deus muda a vida de uma pessoa. Faz ela mudar os caminhos, tomar decisões diferentes. E é isso que esperamos: que eles saiam daqui transformados e com a chance de um recomeço”, concluiu o pastor Marcelo.