Na contramão dos lançamentos convencionais, “VÃO” é muito mais do que apenas um EP. É um filme, um manifesto, uma travessia íntima. Lançado em dezembro de 2024 pela artista independente Beli Bertalha, o trabalho audiovisual se desdobra em cinco clipes interligados por uma narrativa sensível, potente e corajosa sobre saudade, identidade e a desconstrução do que se entende por lar. Gravado em Antonina, o projeto foi finalizado com recursos da Lei Paulo Gustavo e está disponível no canal da artista no YouTube.
“É um EP visual mesmo, mas também pode ser chamado de filme. As cinco músicas formam uma narrativa. Elas podem ser assistidas separadamente, mas fazem ainda mais sentido quando vistas em sequência. Essa história também é minha”, explica Beli.
O roteiro e a direção são assinados por Ana Acácia, e a produção musical ficou por conta da Castel. Ao longo dos 16 minutos de duração, “VÃO” apresenta as faixas “Vacilo”, “Contradição”, “Poeta da Chuva”, “Esquiva-te” e “Baila”, combinando sonoridades da MPB com elementos eletrônicos. A experiência é imersiva e acessível: o filme inclui LIBRAS, legenda para surdos e ensurdecidos (LSE) e audiodescrição.
Do asfalto à arte: uma caminhada atravessada por histórias
Beli Bertalha nasceu em Blumenau (SC), foi costureira, estudante de História e artista de rua. Viajou o Brasil de bicicleta, a pé, de carona, cantando em praças e ocupando espaços com sua música e sua voz. Em Antonina, onde viveu por cinco anos, encontrou vínculos que fortaleceram sua trajetória artística e política. Ali, criou laços, trocou saberes, atuou com a comunidade e, por fim, decidiu investir em sua carreira solo — sem abrir mão da coletividade.
“Gravar em Antonina foi um gesto de pertencimento. A cidade me acolheu, me formou enquanto artista. E também é sobre isso o EP: sobre estar em movimento e ainda assim encontrar espaço para se reconhecer”, diz Beli.
Inicialmente gravado de forma independente com apoio de comerciantes locais, o projeto foi interrompido por falta de recursos. Só foi possível finalizá-lo após a aprovação no Edital de Apoio à Produção Audiovisual da Lei Paulo Gustavo, do Governo do Paraná. A conquista não só garantiu a finalização do filme, mas também sua divulgação em redes sociais e ações junto à comunidade antoninense.
Arte como defesa e reexistência
“VÃO” é também uma obra política. Em seus versos e imagens, Beli propõe a defesa intransigente dos corpos plurais, do desejo LGBTQIAPN+ e da arte como ferramenta de existência e transformação. Há algo de catártico na performance da artista: uma entrega absoluta que escancara o vivido, o não vivido e o que ainda está por vir.
“É sobre esvaziar-se para continuar. Sobre lançar vestígios, abrir lacunas. Sobre errar, acertar, amar. E continuar existindo com o meu jeito único de desejar o mundo”, resume.
O EP visual está disponível gratuitamente em: www.youtube.com/belibertalha.
Fonte: Assessoria de imprensa