O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu o economista Gabriel Galípolo para suceder Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central. Galípolo, que atualmente é diretor de Política Monetária do banco, precisa da aprovação do Senado Federal. Se aprovado, ele ficará à frente do Banco Central de 2025 a 2028.
Apesar de ser considerado um economista heterodoxo moderado, o mercado vê Galípolo como uma pessoa bem qualificada para fazer a ponte entre o governo e o setor privado, não apenas como um representante do PT.
Em abril de 2022, antes de Lula iniciar sua campanha presidencial, Galípolo participou de um jantar com empresários e a deputada Gleisi Hoffmann, presidente do PT. O evento, promovido pelo grupo Esfera Brasil, contou com a presença de influentes nomes do setor financeiro, como André Esteves, do BTG Pactual, e Abílio Diniz, do Grupo Península. Naquele momento, Galípolo já era visto como um potencial mediador entre Lula e o mercado.
Ele tem um histórico de diálogo e é conhecido por sua capacidade de se comunicar com diferentes setores. Galípolo defende ideias desenvolvimentistas, como o apoio do Estado à industrialização e críticas ao teto de gastos, mas acredita na parceria com o setor privado, por meio de concessões e privatizações quando necessário. Embora não seja filiado ao PT, ele mantém relações com o partido desde 2010, quando ajudou na elaboração do plano de governo de Aloizio Mercadante, atual presidente do BNDES.
Como braço direito do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Galípolo enfrentou desafios significativos, como lidar com um déficit inicial de R$ 300 bilhões e atender à crescente demanda por políticas públicas. Após um curto período como secretário executivo do Ministério da Fazenda, ele foi indicado para a diretoria do Banco Central, onde participou da primeira queda da Selic desde o início do ciclo de alta em março de 2021.
Durante sua atuação no Banco Central, Galípolo conquistou a confiança do mercado, apesar de tensões, como a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em maio, que teve uma votação dividida sobre a redução da Selic. Nos últimos meses, ele se tornou o principal candidato à presidência do BC em 2025 e já estava atuando como “mensageiro” do Copom ao lado de Campos Neto.
QUEM É GABRIEL GALÍPOLO?
Gabriel Galípolo tem formação em Ciências Econômicas e mestrado em Economia Política pela PUC de São Paulo, onde também foi professor. Iniciou sua carreira na administração pública em 2007, no governo de José Serra, e foi presidente do banco Fator entre 2017 e 2021, liderando projetos de privatização.
UM HETERODOXO MODERADO
Galípolo defende a participação do Estado em setores estratégicos, como infraestrutura e tecnologia. Ele é conciliador e aberto ao diálogo, tendo escrito livros com o economista Luiz Gonzaga Belluzzo. Crítico do teto de gastos, Galípolo acredita que o problema do Brasil não é o tamanho do Estado, mas a má qualidade da arrecadação e do gasto público.
RELAÇÃO COM HADDAD E A MOEDA ÚNICA DO MERCOSUL
Galípolo e Haddad compartilham visões semelhantes sobre a economia. Juntos, escreveram sobre a criação de uma moeda do Mercosul para facilitar transações entre países da América do Sul. Lula também já havia abordado essa ideia em sua presidência anterior e a defendeu novamente, enfatizando a necessidade de fortalecer as relações com a América Latina e reduzir a dependência do dólar.
Com informações da e imagem da Infomoney