Por Luiza Rampelotti
Paranaguá viveu um dia histórico nesta sexta-feira (6), quando o governador do Paraná, Ratinho Junior, e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, estiveram na cidade para anunciar uma série de investimentos que prometem transformar a infraestrutura logística do estado e consolidar o Porto de Paranaguá como referência nacional e internacional.
Com discursos marcados pela ênfase no desenvolvimento econômico e na inovação, os líderes apresentaram iniciativas que incluem a concessão inédita do Canal da Galheta, o principal acesso aquaviário ao porto e terminais da Baía de Paranaguá, e a obra do Moegão, um projeto revolucionário para o transporte ferroviário de granéis. Além disso, o edital para licitação da área PAR15, destinada ao armazenamento de grãos sólidos vegetais, foi confirmado, com a previsão de investimentos bilionários.
A revolução ferroviária do Moegão
A visita começou com a inspeção da obra do Moegão, um projeto ambicioso que promete centralizar toda a descarga ferroviária de granéis sólidos em uma moega exclusiva. Com capacidade para operar 900 vagões por dia – um salto significativo em relação aos atuais 180 –, o Moegão foi descrito pelo governador como um marco na logística do Paraná.
“O Moegão não é só uma obra logística; é um avanço estratégico para resolver problemas históricos de mobilidade urbana em Paranaguá e reduzir o impacto ambiental. Vamos eliminar 14 passagens de nível na cidade, melhorando a vida das pessoas e promovendo uma logística mais sustentável”, afirmou Ratinho Junior.
A previsão é que a obra seja concluída até 2025, permitindo que 50% das cargas do porto sejam movimentadas por ferrovias, reduzindo a dependência do transporte rodoviário. Essa mudança, segundo o governador, está alinhada ao compromisso do estado com a eficiência logística e a sustentabilidade.
Para o secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex, a integração ferroviária terá impacto direto na qualidade de vida da população e na eficiência das operações. “Estamos criando uma nova realidade para Paranaguá. Essa obra vai não apenas aumentar a capacidade do porto, mas também trazer benefícios reais para os moradores, com menos congestionamento e menos emissões de poluentes”, destacou.
Concessão do Canal da Galheta: um marco inédito
Um dos pontos altos do evento foi o anúncio da concessão do Canal da Galheta, um dos principais acessos aquaviários do Brasil. Pela primeira vez na história, um canal de acesso será concedido à iniciativa privada, garantindo um investimento estimado de R$ 1 bilhão nos próximos anos para o alargamento e aprofundamento do canal, além de sua manutenção por 25 anos, com possibilidade de prorrogação até 70 anos.
Com a profundidade atual de 13 metros, o canal será ampliado para 15,5 metros, possibilitando a atracação de navios maiores e mais modernos, ampliando a competitividade do Porto de Paranaguá.
“Cada metro de calado significa 300 caminhões a menos nas estradas. Esse projeto garantirá eficiência, previsibilidade e redução de custos para todo o setor produtivo”, destacou Luiz Fernando Garcia, presidente da Portos do Paraná.
O ministro Silvio Costa Filho enalteceu a parceria entre os governos estadual e federal para a concretização do projeto. “Esse é um modelo de inovação que traz segurança jurídica e eficiência para investidores e operadores. O Porto de Paranaguá se coloca na vanguarda do setor portuário, sendo uma referência para o Brasil e para o mundo”, afirmou.
Ele também reforçou a importância da concessão como um modelo a ser seguido por outros portos brasileiros. “Estamos criando um modelo inovador que traz segurança jurídica e eficiência para os investidores e operadores. Quando o Porto de Paranaguá cresce, todo o Brasil avança. Estamos vivendo um momento histórico de otimismo e crescimento, e o Paraná está na linha de frente dessa transformação”, afirmou.
O secretário nacional de Portos, Alex Ávilla, também destacou a relevância do projeto. “Hoje, estamos dando um passo histórico ao levar adiante a concessão de um canal de acesso, algo inédito no Brasil. Este projeto não só amplia a competitividade do Porto de Paranaguá, como serve de modelo para outros portos. Com um calado maior, o porto atrairá embarcações mais modernas, reduzindo custos e aumentando a eficiência. Estamos mostrando ao Brasil como avançar no setor portuário”, disse.
PAR15: o futuro dos grãos no Porto de Paranaguá
Outro destaque foi o anúncio do edital de licitação da área PAR15, destinada à movimentação e armazenagem de grãos sólidos vegetais, atualmente ocupada pela Cargill. A área é estratégica para o Porto de Paranaguá, que já lidera a exportação nacional de soja, farelo e óleo.
Segundo Luiz Fernando Garcia, os investimentos previstos de R$ 2 bilhões nos próximos anos consolidarão o porto como líder no escoamento da produção agrícola brasileira. Além disso, segundo ele, o projeto reforça o compromisso da Portos do Paraná com a modernização e regularização dos contratos, eliminando irregularidades históricas.
“Em 2019, 90% dos contratos do porto apresentavam irregularidades. Hoje, somos o primeiro porto do Brasil com todos os contratos em conformidade. Isso reflete a governança e o compromisso com a eficiência”, destacou o presidente da Portos do Paraná.
Paranaguá será o centro de uma revolução logística
Os anúncios realizados em Paranaguá fazem parte de um planejamento estratégico maior, que envolve rodovias, ferrovias e portos. O governador Ratinho Junior destacou o papel do Paraná como um hub logístico natural, localizado no centro de um raio que concentra 70% do PIB da América do Sul.
“Quando assumi o governo, disse que transformaríamos o Paraná em um supermercado do mundo. Hoje, com um porto eficiente, aeroportos modernizados e rodovias duplicadas, estamos consolidando essa posição. O Paraná será o motor do agronegócio brasileiro e um dos maiores players do mercado global”, afirmou o governador.
Os projetos rodoviários também foram mencionados. O governador anunciou que, ainda em dezembro, duas novas concessões rodoviárias serão firmadas, com investimentos de R$ 55 bilhões nos próximos anos. Além disso, a construção da terceira pista do Aeroporto Afonso Pena está prestes a começar, fortalecendo o modal aéreo do estado.
“Com essas concessões e a construção da terceira pista do Aeroporto Afonso Pena, o Paraná estará totalmente integrado, atendendo com eficiência às demandas do setor produtivo e da população”, completou Ratinho Júnior.
Impactos sociais e ambientais
De acordo com Sandro Alex, além dos avanços logísticos, os projetos anunciados em Paranaguá trazem benefícios diretos para a população local. A eliminação das passagens de nível e a redução do tráfego de caminhões nas ruas da cidade prometem melhorar a mobilidade urbana e reduzir os impactos ambientais.
“Não se trata apenas de logística, mas de qualidade de vida. Estamos reduzindo impactos ambientais, eliminando passagens de nível e criando uma cidade mais conectada e sustentável”, afirmou o secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná.
O compromisso com a sustentabilidade também foi destacado por Luiz Fernando Garcia, que mencionou o reconhecimento internacional do Porto de Paranaguá como referência em práticas ambientais. “Somos o único porto brasileiro convidado pela ONU para a Conferência de Mudanças Climáticas. Isso é reflexo do trabalho sério que temos desenvolvido para conciliar eficiência logística com sustentabilidade”, disse.