A Prefeitura de Paranaguá deu início, na terça-feira, 11 de novembro, à primeira etapa da Capacitação de Multiplicadores pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas. O encontro reuniu profissionais, lideranças comunitárias e cidadãos comprometidos com a promoção da igualdade de gênero e o enfrentamento à violência.
A iniciativa é promovida pela Secretaria Municipal da Mulher, Desenvolvimento Social e Igualdade Racial (Semdir) e integra as ações do município em alusão ao Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra Mulheres e Meninas, celebrado em 25 de novembro. A formação é conduzida pela professora Larissa Hack, do Instituto Batom, e segue com mais duas etapas nos dias 18 e 25 de novembro.
CONTEÚDO
Durante os encontros, os participantes abordam temas como direitos das mulheres, conquistas sociais, independência financeira, economia do cuidado, fortalecimento da rede de apoio e tipificação da violência de gênero, incluindo os ciclos da violência doméstica.
A capacitação também apresenta o Protocolo “Não é Não: Mulheres Seguras” (Lei 14.786/23), que estabelece diretrizes nacionais para a prevenção do assédio e da violência contra mulheres em locais de entretenimento, como bares, casas noturnas e eventos.
De acordo com a secretária da Mulher, Desenvolvimento Social e Igualdade Racial, Carolina Miranda, a proposta é promover conhecimento e empoderamento.
“O curso tem por objetivo dialogar sobre os direitos das mulheres, suas lutas e conquistas, além de abordar questões sobre independência financeira e os diferentes tipos de violência de gênero. É um evento de grande importância, pois promove reflexão, conscientização e fortalecimento das mulheres”, afirmou.
Carolina também destacou a relevância da presença da palestrante.
“A Larissa tem uma trajetória sólida e reconhecida em diversas frentes de atuação. Sua experiência no Grupo Mulheres do Brasil, no Observatório Nacional de Violência Política de Gênero e em iniciativas como o Selo Mulheres + Seguras no Turismo enriquece esse momento e reforça o compromisso com a transformação social”, completou.
VIVÊNCIA
Entre as participantes está Leovana Domingues, que conheceu o curso pelas redes sociais da Prefeitura e compartilhou sua história de superação.
“Cheguei até aqui por um anúncio que vi no Facebook. Era um tema que me chamou muita atenção, em um momento crítico e solitário da minha vida. Quando uma mulher vive violência doméstica, ela convive com a vergonha e nem sempre encontra apoio dentro da família, entre amigos ou na comunidade”, relatou.
Ela contou que, durante sua trajetória, descobriu também o diagnóstico de autismo, o que a fez refletir sobre novas vulnerabilidades.
Hoje, compreendo que a mulher que está em um relacionamento abusivo foi, muitas vezes, doutrinada a ele desde cedo. Isso começa dentro de casa, em padrões que se repetem por gerações”, avaliou.
Leovana destacou o papel transformador do acolhimento coletivo.
“Participar de ações como esta, em grupo, com mulheres que passam pelas mesmas situações, faz toda diferença. Você se reconhece, entende o que está vivendo e se sente mais segura para falar sobre o assunto”, comentou.
Segundo ela, a capacitação representa um passo importante para apoiar outras mulheres.
“Quando fiz minha denúncia e preenchi o questionário da Lei Maria da Penha, percebi que a violência não era só física. Descobri que eu também sofria violência emocional e patrimonial. Foi lendo aquelas perguntas que entendi a dimensão do que vivia. Hoje, estou aqui me capacitando, com o desejo de que um dia eu possa ser uma ferramenta de informação e apoio para outras mulheres. Quero que elas saibam que não estão sozinhas e que há caminhos para romper o ciclo da violência”, finalizou Leovana.
PALESTRANTE
Larissa Hack é coordenadora global do Programa de Letramento sobre Violência Doméstica do Grupo Mulheres do Brasil, atuando em mais de 160 núcleos no mundo. Criadora do primeiro conteúdo sobre ciclo da violência para o Sebrae (2022), é também cocriadora do Selo Mulheres + Seguras no Turismo e integra o Observatório Nacional de Violência Política de Gênero (2025), o Conselho Municipal de Políticas Públicas para Mulheres de Curitiba e o Conselho Estadual da Mulher (2025–2027).
CONTINUIDADE
Os participantes que concluírem as três etapas receberão certificado de conclusão e estarão aptos a multiplicar os conhecimentos adquiridos em suas comunidades, fortalecendo a rede de proteção e o protagonismo feminino.
A capacitação segue nos dias 18 e 25 de novembro, reafirmando o compromisso de Paranaguá com a educação, prevenção e enfrentamento à violência de gênero, e com a promoção de uma sociedade mais justa, segura e igualitária.
Com informações da Prefeitura de Paranaguá








