Por Luiza Rampelotti
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) do Litoral do Paraná, sob a administração do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Litoral do Paraná (Cislipa), tem expandido sua atuação com capacitações, descentralização de bases e esforços para melhorar o atendimento de urgência e emergência na região. Em entrevista à Ilha do Mel FM na última quarta-feira (12), Edvaldo Oliveira, coordenador de Comunicação Social do Cislipa, e Rafael Rodrigues, assessor de comunicação do consórcio, detalharam as ações em andamento e os desafios enfrentados pela equipe.
De acordo com eles, em uma iniciativa inédita, o SAMU Litoral marcou presença nas festividades de aniversário do município de Guaraqueçaba, promovendo um evento de capacitação para a população na última terça-feira (11). Segundo Rafael Rodrigues, a equipe ofereceu treinamentos básicos, como a reanimação cardiopulmonar (RCP) e técnicas de desengasgo, visando preparar os moradores para situações de emergência. “Os frequentadores ficaram surpresos e interessados. A presença do SAMU em eventos desse tipo reforça nossa missão de levar conhecimento e salvar vidas”, destacou.
Outro projeto relevante é o “Samuzinho”, que capacitou cerca de cinco mil crianças nas escolas municipais de Matinhos no último ano. A iniciativa busca se expandir para Paranaguá e demais municípios do Litoral. Além disso, um programa inovador está sendo estruturado para a Ilha do Mel, formando grupos de moradores capacitados para atuar como primeiros respondentes em emergências. “Eles serão o braço do SAMU dentro da ilha, permitindo um primeiro atendimento crucial até a chegada da equipe”, explicou Rafael.
Expansão das bases do SAMU e descentralização do atendimento
Uma das principais mudanças na atual gestão do Cislipa é a descentralização das bases do SAMU, garantindo maior agilidade nos atendimentos de emergência. Atualmente, Paranaguá conta com uma base no bairro Padre Jackson e outra no Corpo de Bombeiros do bairro Nelson Neves. Nos próximos meses, uma nova unidade será instalada na Ilha dos Valadares, beneficiando diretamente os mais de 35 mil moradores da região.
“Essa descentralização é essencial. Recentemente, tivemos um caso em que uma criança de sete meses precisou de atendimento imediato, e a base descentralizada foi crucial para salvar sua vida. Se dependêssemos apenas da sede central, talvez não tivéssemos o mesmo desfecho”, destacou Edvaldo Oliveira.
Problemas com a linha 192 e soluções em andamento
Um dos desafios enfrentados pelo SAMU Litoral tem sido a instabilidade da linha de emergência 192. Segundo Rafael Rodrigues, quedas no serviço têm ocorrido devido a problemas com a operadora Oi, incluindo furtos de cabos de fibra óptica. Para minimizar os impactos, uma nova licitação está sendo realizada para a contratação de outra operadora. “A nossa expectativa é resolver essa questão nos próximos meses. Sabemos que cada minuto conta em uma emergência, e essa falha no serviço pode custar vidas”, alertou Rafael.
Enquanto o problema não é solucionado, o SAMU tem divulgado números alternativos para contato, como o (41) 99109-8851 e o (41) 99115-7489, e conta com o apoio de outras forças de segurança, como o Corpo de Bombeiros (193) e a Guarda Municipal (153), para garantir que nenhum chamado de urgência fique sem resposta.
Casos recentes destacam a importância do atendimento rápido
A equipe do SAMU Litoral também relembrou casos recentes que ilustram a importância do serviço de emergência na região. Em um dos episódios, uma criança de quatro anos chegou em parada respiratória à base do SAMU, após um afogamento em piscina. Graças à resposta rápida da equipe, a criança foi reanimada e encaminhada ao hospital com vida. “As imagens da nossa equipe largando tudo para atender a criança mostram o comprometimento desses profissionais. São verdadeiros heróis”, afirmou Edvaldo.
Apesar de não ser o procedimento ideal, a procura direta da população pela sede do SAMU tem se tornado frequente, especialmente em casos de extrema urgência. Embora o recomendado seja acionar o 192 para receber orientações médicas prévias, a equipe garante que todas as situações são prontamente atendidas.
Quem é responsável pela manutenção das ambulâncias do Samu?
Com a criação de um departamento de comunicação dentro do Cislipa, a nova gestão busca fortalecer a transparência e a proximidade com a população. “Queremos mostrar o trabalho dos nossos profissionais e explicar as limitações do serviço para que a sociedade compreenda o funcionamento do Samu e sua importância”, explicou Edvaldo.
A comunicação também tem um papel educativo, esclarecendo dúvidas da população. Por exemplo, Edvaldo explica que muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre como funciona a gestão do SAMU Litoral e quem responde pela manutenção das ambulâncias. Segundo o Cislipa, a responsabilidade é dividida entre o consórcio e os municípios.
As prefeituras são responsáveis pela manutenção das ambulâncias e pelo fornecimento da estrutura básica para o funcionamento do serviço em seus territórios. Isso inclui:
- Revisão mecânica e troca de peças das viaturas
- Abastecimento de combustível
- Infraestrutura física das bases descentralizadas
Já o consórcio cuida da gestão operacional do SAMU Litoral, garantindo o pagamento dos profissionais e o fornecimento de insumos médicos para os atendimentos de urgência e emergência. Na prática, isso significa que se uma ambulância do SAMU estiver fora de circulação por falta de manutenção, a responsabilidade é do município ao qual o veículo pertence. Já se houver falta de profissionais ou medicamentos no atendimento, a responsabilidade é do Cislipa.
“Essa divisão de tarefas garante que o serviço funcione de maneira eficiente, mas exige uma parceria ativa entre os municípios e o consórcio para evitar interrupções no atendimento à população”, concluiu Edvaldo.