Por Luiza Rampelotti com informações da RIC
A diplomação dos 19 vereadores eleitos em Paranaguá, realizada na última quarta-feira (11), traz uma sombra de incerteza sobre o novo mandato. Isso porque três parlamentares estão sob investigação do Ministério Público Eleitoral (MPE) por suspeitas de crimes eleitorais, incluindo abuso de poder econômico, abuso de autoridade e compra de votos. Os vereadores Renan Britto (PP), Fábio dos Santos (PSDB) e Mari Leite (AGIR) foram denunciados, colocando em risco o início e continuidade de seus mandatos.
Fábio dos Santos: reeleição marcada por abuso de poder econômico
Fábio dos Santos, atual presidente da Câmara Municipal e reeleito para o cargo de vereador, é acusado de ter produzido provas contra si mesmo. A denúncia destaca a inauguração da Ponte dos Valadares, ocorrida em setembro deste ano – uma obra aguardada há anos pelo maior bairro de Paranaguá, que abriga cerca de 35 mil habitantes.
Durante o evento, Fábio foi flagrado distribuindo jornais com o número de sua candidatura, além de fazer fotos ao lado de cabos eleitorais para divulgação em materiais de campanha, a apenas 19 dias do pleito.
Para o Ministério Público Eleitoral, essas ações configuram abuso de poder econômico e autoridade, pois utilizam um evento público para promoção pessoal em período vedado.
Mari Leite: denúncias de compra de votos e uso de cabos eleitorais
Mari Leite, vereadora eleita para seu primeiro mandato e esposa do vereador Waldir Leite, enfrenta acusações mais graves. Segundo o Ministério Público, ela teria se beneficiado de um esquema de compra de votos orquestrado por cabos eleitorais. A denúncia aponta que 16 títulos de eleitor foram encontrados na casa de um suposto intermediário.
Durante investigações, um juiz realizou diligências em uma distribuidora de bebidas após denúncias de compra de votos. No local, o responsável confirmou que estava em posse dos títulos, afirmando que os votos haviam sido vendidos por R$ 60 cada. Apesar de ter negado trabalhar diretamente para Mari Leite, o envolvido revelou a prática de recrutamento de eleitores para distribuição de santinhos e logística de boca de urna.
Conversas apreendidas no celular da vereadora eleita reforçam as suspeitas. Em um dos diálogos, uma eleitora solicita ajuda para pagar uma conta de água no valor de R$ 200,00. Mari Leite responde prontamente: “Claro que eu ajudo, me passa teu pix aí.” Em outra conversa, uma eleitora pede a agilização de uma cirurgia em troca de uma lista com 31 eleitores para atuação em boca de urna. A mensagem ainda inclui um pedido para que o pix cubra os custos com gasolina.
A promotoria considera as trocas de mensagens evidências de compra de votos e uso de vantagens indevidas para angariar apoio eleitoral.
Renan Britto também é investigado
Renan Britto também é alvo de investigação, mas os detalhes sobre sua denúncia ainda não foram revelados.
A Câmara Municipal de Paranaguá ainda não foi notificada oficialmente das ações judiciais. Contudo, apesar das denúncias, a legislação eleitoral permite que os vereadores assumam os cargos no dia 1º de janeiro de 2025, mesmo com as ações judiciais em andamento. Caso as acusações sejam comprovadas, os parlamentares podem perder o mandato, levando à reorganização do quadro político na Casa de Leis.
A Rádio Ilha do Mel FM reforça que o espaço segue aberto para que os vereadores citados possam se manifestar sobre as acusações.