“Hoje, o que eu mais queria era conseguir levar meus filhos para a escola. Antes era tão simples… agora, nem isso eu posso fazer”. As palavras são de Jhennyfer Araújo Neves, de 29 anos, moradora de Paranaguá, que teve sua vida interrompida em janeiro de 2022 por um ato de violência que ainda marca sua rotina. Sobrevivente de um atentado a tiros, ela ficou tetraplégica e, desde então, enfrenta uma série de desafios diários — não apenas físicos, mas também emocionais, sociais e financeiros.
Na tentativa de retomar parte da sua autonomia, Jhennyfer lançou uma vaquinha online com o objetivo de arrecadar fundos para a compra de uma cadeira de rodas motorizada. O equipamento, que custa em média R$ 20 mil, pode proporcionar a ela maior independência de locomoção, qualidade de vida e dignidade. A campanha está disponível clicando aqui.
“Eu sei que sempre vai ter alguém para julgar, mas ajuda de verdade, são poucos que oferecem”, desabafa. “Só eu sei o que passo desde aquele dia. Não quero me expor muito, até por questões de segurança, mas estou tentando porque preciso muito. O que importa agora é conseguir essa cadeira e voltar a ter um pouco de liberdade”.
O crime
Na noite de 28 de janeiro de 2022, Jhennyfer e o então companheiro, Bruno José Amâncio, de 32 anos, estavam dentro de um carro, estacionado na Estrada do Correia Velho, no bairro Emboguaçu, quando foram surpreendidos por dois homens encapuzados. Segundo testemunhas, os criminosos se aproximaram pelos trilhos da linha férrea e dispararam pelo menos 15 tiros em direção ao casal.
Bruno não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital. Jhennyfer foi atingida por múltiplos disparos e ficou gravemente ferida, sendo internada em estado crítico. Desde então, vive com as sequelas do atentado, que resultaram na perda total de movimentos dos braços e pernas.
O crime teve grande repercussão em Paranaguá. De acordo com informações da época, um dos suspeitos de envolvimento no atentado foi preso e o outro segue foragido. Bruno possuía antecedentes criminais, mas as circunstâncias exatas do atentado ainda geram dúvidas e especulações. Jhennyfer, por sua vez, evita falar sobre o caso por medo de represálias. “Prefiro não entrar em detalhes. Já basta tudo o que aconteceu”.
Jhennyfer afirma que não quer comover pela tragédia, mas pela esperança. “Essa cadeira vai me dar liberdade para ir até o portão, para ver o sol, para buscar meus filhos, para viver um pouco mais. Tudo que eu quero é voltar a fazer as pequenas coisas. E eu sei que, com essa ajuda, isso pode acontecer”, concluiu.