Por Luiza Rampelotti
A concessão do canal de acesso aquaviário ao Porto de Paranaguá, o Canal da Galheta, está prestes a marcar um novo capítulo na história da logística portuária do Brasil. Em uma iniciativa inédita, o Governo Federal aposta na gestão privada para modernizar e expandir o principal corredor de entrada e saída do porto, fundamental para a economia nacional.
Em entrevista exclusiva à Ilha do Mel FM, o secretário nacional de Portos, Alex Ávila, explicou os detalhes do projeto, que deve entrar em vigor no primeiro semestre de 2025. “Estamos fazendo história. É a primeira vez que o maior ativo de um porto, o canal de acesso, é colocado em concessão. Esse projeto representa uma nova era para a logística portuária do país“, afirmou.
Encaminhado ao Tribunal de Contas da União (TCU) em novembro, o projeto de concessão foi aprovado pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. A expectativa é que o edital seja publicado e o leilão ocorra já nos primeiros meses de 2025, com previsão de mais de R$ 1 bilhão em investimentos.
Como vai funcionar a concessão?
A empresa vencedora da licitação administrará o canal por 25 anos, com possibilidade de prorrogação por até 70 anos. Durante esse período, será responsável por:
- Gestão e manutenção: dragagem, balizamento e sinalização para garantir a navegabilidade segura.
- Ampliação do canal: obras de aprofundamento e alargamento, permitindo a entrada de navios de maior porte.
- Investimentos em infraestrutura: a projeção é de mais de R$ 1 bilhão em modernização e expansão das operações portuárias.
Apesar da gestão privada, o Governo Federal continuará regulando e fiscalizando as atividades, assegurando que o serviço atenda às normas de qualidade e segurança.
Por que o canal de acesso é tão importante?
O canal de acesso é a porta de entrada e saída de todas as embarcações do Porto de Paranaguá. Sua profundidade e largura determinam o tipo e o tamanho dos navios que podem atracar.
O aumento das medidas no canal fará com que Paranaguá seja o porto mais acessível para grandes embarcações no Brasil. “O porto de Santos e os portos catarinenses têm, em média, 14,5 metros de profundidade, então a Portos do Paraná se prepara para receber as maiores embarcações que navegam pela costa brasileira”, afirmou o presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.
Atualmente, Paranaguá é líder na exportação de soja, farelo e óleo, além de ser um dos principais pontos de entrada de fertilizantes do Brasil. “Um quarto dos fertilizantes consumidos no Brasil passa por Paranaguá, o que evidencia a importância desse porto para o agronegócio nacional“, ressaltou Ávila.
Para o secretário, que é natural de Paranaguá, o projeto da concessão tem um significado especial. “Como parnanguara, é um orgulho ver o porto se consolidando como referência nacional e internacional”, disse.
Benefícios esperados
Com a concessão, a expectativa é que o Porto de Paranaguá dobre sua capacidade operacional nos próximos anos.
Entre as principais melhorias estão:
- Aumento do calado: a profundidade do canal passará de 13 metros para quase 15 metros, permitindo a atracação de navios maiores.
- Agilidade e previsibilidade: redução de filas e maior eficiência na movimentação de cargas.
- Geração de empregos: milhares de vagas diretas e indiretas serão criadas durante e após as obras.
- Desenvolvimento econômico: o projeto impulsionará a economia local e atrairá novos investimentos para o Paraná.
“O impacto dessa obra será imenso para o setor produtivo. Paranaguá consolidará sua posição como um dos principais portos da América Latina”, afirmou o ministro Silvio Costa Filho.
Próximos passos
A análise do TCU é o próximo estágio. Após a aprovação, o edital será lançado e a licitação deve ocorrer ainda no início de 2025.
A empresa vencedora terá a missão de modernizar o canal e impulsionar o crescimento portuário, gerando impactos positivos para o comércio exterior e para a competitividade do Brasil. “Esse é o legado que queremos deixar: um porto mais moderno, eficiente e preparado para os desafios das próximas décadas“, concluiu Ávila.