Por Luiza Rampelotti
Em um tempo em que muitos estudantes ainda enfrentam o medo dentro do espaço onde deveriam apenas aprender e sonhar, o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola, celebrado nesta segunda-feira (7), lança luz sobre ações que fazem a diferença. No Litoral do Paraná, o trabalho do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária (BPEC), presente há mais de duas décadas nas escolas da região, tem sido essencial para transformar dor em diálogo, conflito em acolhimento e insegurança em proteção. Com presença ativa nas instituições de ensino, os policiais atuam lado a lado com professores, gestores e famílias para construir um ambiente escolar mais seguro, respeitoso e humano.
O BPEC atua de forma preventiva nas instituições de ensino, realizando visitas regulares, palestras educativas e o acompanhamento de casos de violência escolar. Segundo o tenente Alexandre Henrique Silva de Lima, comandante do batalhão em Paranaguá, o foco é sempre a prevenção e o fortalecimento de vínculos com a comunidade escolar.
“As equipes se deslocam diariamente para as escolas do Litoral — sejam estaduais, municipais ou particulares — promovendo um trabalho de aproximação com os jovens. Levamos informações sobre segurança, saúde, uso de cigarros eletrônicos, cidadania e respeito ao próximo. O objetivo é contribuir para um ambiente saudável não só para os alunos, mas também para professores, funcionários e familiares”, explica o tenente em entrevista à Ilha do Mel FM.
Violência e bullying ainda são realidade
Entre as ocorrências mais comuns registradas pela Patrulha Escolar estão ameaças, brigas e, principalmente, o cyberbullying — que se intensificou com o uso massivo de redes sociais e celulares em sala de aula. No entanto, uma mudança recente contribuiu para a redução desses casos.
“Com a nova legislação que restringe o uso de celulares pelos alunos nas escolas, notamos uma queda expressiva nas ocorrências de cyberbullying. Isso impactou diretamente na pacificação do ambiente escolar”, destaca o comandante.

Apesar da melhora, o tenente Lima reforça que é necessário manter a vigilância e o diálogo contínuo. “É importante que professores e pais estejam atentos a sinais de sofrimento emocional, mudanças bruscas de comportamento ou isolamento dos alunos. Esses sinais muitas vezes antecedem situações de violência”, alerta.
A escola como espaço de acolhimento
No Colégio Estadual José Bonifácio, em Paranaguá, o combate ao bullying e ao cyberbullying é tratado como prioridade pela equipe pedagógica. De acordo com o diretor Carlos Eduardo Ribeiro, a instituição tem trabalhado com ações de acolhimento, rodas de conversa e atividades de conscientização junto aos estudantes.
“Recebemos alunos de diferentes regiões da cidade e, com essa diversidade, conseguimos promover um ambiente mais respeitoso. Sempre que há um conflito, a abordagem é imediata e humanizada, com a participação dos familiares. Isso tem gerado bons resultados e diminuído significativamente os casos de bullying dentro da escola”, afirma o diretor.
Ele também destaca a parceria com a Patrulha Escolar como um fator determinante na prevenção e resolução de conflitos. “Os policiais visitam a escola frequentemente, conhecem os alunos pelo nome, participam de atividades e trazem temas importantes para o debate. Essa relação de confiança contribui diretamente para a formação cidadã dos nossos jovens”, diz.

Participação da família é fundamental
Para o BPEC, o envolvimento das famílias é essencial na construção de um ambiente escolar seguro. Quando surgem situações mais complexas, o batalhão promove o que chama de “gestão positiva de conflito”: um encontro entre alunos, pais, equipe pedagógica e a patrulha escolar, buscando a resolução pacífica e educativa do problema.
“A educação começa em casa. A escola não pode ser responsabilizada sozinha. É fundamental que os pais acompanhem o comportamento dos filhos, principalmente nas redes sociais, e compartilhem informações com a escola ou com a polícia quando necessário”, defende o tenente Lima.
Presença constante nas escolas
O atendimento do BPEC é contínuo e organizado. As equipes da Patrulha Escolar atuam com um cronograma de visitas e mantêm contato direto com as instituições de ensino. Isso permite uma resposta rápida em situações emergenciais e o fortalecimento de laços com a comunidade escolar.
“As escolas já conhecem os policiais da patrulha, sabem com quem falar, como acionar. Isso facilita muito a comunicação e a resolução de conflitos menores antes que se agravem. Estamos à disposição para atender qualquer escola do litoral que precise da nossa ajuda”, reforça Lima.
“Meça suas palavras, parça”
Como parte dos esforços para prevenir o bullying e o cyberbullying nas escolas, a Prefeitura de Pontal do Paraná lançou uma plataforma digital com informações e orientações voltadas a estudantes, famílias, professores e gestores. Disponível clicando aqui, o site, que tem como tema “Meça suas palavras, parça”, reúne conteúdos educativos, canais de apoio, orientações legais e sugestões de como agir diante de situações de violência no ambiente escolar.

A proposta é complementar as ações presenciais da Patrulha Escolar, fortalecendo o diálogo com a comunidade e oferecendo suporte contínuo à rede de ensino. A iniciativa também busca ampliar o acesso à informação e sensibilizar a sociedade sobre os impactos do bullying, principalmente em sua forma virtual, que muitas vezes passa despercebida por pais e educadores.
Combate à violência começa com diálogo
Neste Dia Nacional de Combate ao Bullying, a mensagem das instituições de ensino e da Patrulha Escolar é clara: o enfrentamento da violência escolar exige o envolvimento de todos — alunos, professores, gestores, famílias e poder público. É o diálogo, o acolhimento e a presença constante que constroem uma cultura de paz nas escolas.
“A presença da polícia nas escolas não é para reprimir, mas para educar, orientar e apoiar. Queremos mostrar que estamos juntos, lado a lado com a comunidade, para garantir que os nossos jovens possam aprender, crescer e sonhar em um ambiente seguro e respeitoso”, conclui o comandante do BPEC, tenente Lima.