Por Luiza Rampelotti com informações da AEN
Desde outubro do ano passado, o Hospital Regional do Litoral (HRL), em Paranaguá, implementou o projeto Box Seguro – Mude de Lado nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) Adulto da unidade. A iniciativa visa reduzir a incidência de Lesão por Pressão (LPP), condição frequente em pacientes acamados por longos períodos.
A LPP, também conhecida como úlcera de decúbito, ocorre devido à pressão constante sobre a pele e os tecidos subjacentes, resultando em feridas que podem ser severas e comprometer a recuperação dos pacientes. Para combater esse problema, o projeto trouxe mudanças estruturais e operacionais no hospital, focadas na assistência ao paciente e na prevenção das lesões.
Mudanças na rotina da UTI
Uma das principais medidas adotadas foi a instalação de placas informativas em cada leito, detalhando:
- O horário da última mudança de decúbito (posição do paciente deitado)
- O horário da próxima mudança
- A posição atual do paciente
- O tipo de curativo utilizado
- O tipo de proteção empregada
Além disso, houve a regularização da temperatura na UTI, aumento do número de técnicos de enfermagem e um reforço no envolvimento da equipe multiprofissional, que inclui médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas e profissionais da hotelaria hospitalar. Reuniões periódicas também foram realizadas para conscientizar os colaboradores e acompanhantes sobre a importância da prevenção das LPPs.
Resultados positivos desde a implementação
A iniciativa já demonstra impacto positivo nos indicadores de saúde da unidade. No ano passado, o hospital registrava um número elevado de casos de LPP:
- Julho – 32 casos
- Agosto – 25 casos
- Setembro – 10 casos
Com a implementação do projeto em outubro, os números começaram a cair:
- Outubro – 14 casos
- Novembro – 15 casos
- Dezembro – apenas 7 casos
O sucesso do projeto já impulsiona planos de ampliação para outras áreas do hospital, que atualmente conta com 84 leitos de enfermaria, sete UTIs Neonatais, dois leitos de isolamento e dois psiquiátricos.
Expansão do atendimento: novo ambulatório de feridas
Dando continuidade às ações de qualificação da assistência, o Hospital Regional do Litoral inaugurou no fim de janeiro o novo ambulatório de feridas, um espaço dedicado ao acompanhamento de pacientes internos que receberam alta, mas ainda necessitam de tratamento para lesões vasculares.
O atendimento inicial será exclusivo para pacientes que passaram pela unidade hospitalar e precisam de acompanhamento ambulatorial. O objetivo é garantir a continuidade do tratamento de forma humanizada, eficaz e resolutiva, reduzindo o risco de complicações e reinternações.
O serviço conta com médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e a supervisão de uma estomaterapeuta, que fará o acompanhamento dos pacientes estomizados (aqueles que passaram por procedimentos como colostomia ou gastrostomia) e com lesões complexas. Além disso, o ambulatório dispõe de materiais especiais com coberturas diferenciadas e princípios ativos que aceleram o processo de cicatrização.
Segundo o diretor-geral do hospital, André Luiz Balliana, a unidade busca expandir ainda mais esses serviços no futuro. “O hospital é referência no Litoral e está cada vez mais focado nas necessidades dos usuários do Sistema Único de Saúde. Contamos com um diferencial importante, que é a atuação do estomaterapeuta, garantindo um cuidado específico e adequado para cada paciente. A expectativa é de que esse atendimento seja ampliado para toda a população da região”, destacou.
Atualmente, o HRL realiza cerca de 2,5 mil atendimentos mensais e atende sete municípios do litoral paranaense, oferecendo serviços em obstetrícia, traumatologia, urgência e emergência, além de 18 especialidades médicas, incluindo cirurgias gerais, torácicas e vasculares.
A estomaterapeuta Ana Cristina Tavares, que atua diretamente no novo ambulatório, ressalta que algumas lesões podem levar meses para cicatrizar, dependendo da complexidade do caso. “Quando é uma única ferida, o tratamento pode ser mais rápido, mas há pacientes com múltiplas lesões, o que exige um cuidado prolongado. Ter um local especializado para o atendimento dessas feridas permite mais agilidade e eficiência na recuperação”, concluiu.