Por Luiza Rampelotti com informações da Alternativa FM
A intensa chuva que atingiu Guaratuba entre a madrugada de sexta-feira (7) e sábado (8) causou estragos significativos, especialmente na zona rural do município. Segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), entre sexta e sábado, às 10h, choveu mais de 141 mm. A tragédia, que afetou cerca de 750 famílias, resultou na perda de vidas, destruição de moradias e prejuízos à infraestrutura local.
O prefeito eleito Maurício Lense (Podemos) relatou os desafios enfrentados pela Administração Municipal e a necessidade de auxílio humanitário para os moradores atingidos. De acordo com ele, o primeiro alerta foi recebido por volta das 3h da manhã de sexta-feira, quando funcionários da subprefeitura do Cubatão informaram sobre a gravidade da situação. Diante do cenário, a Prefeitura acionou imediatamente o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil para iniciar o monitoramento e prestar assistência às famílias impactadas.
“Percebendo a gravidade da situação, comunicamos o Corpo de Bombeiros, que já estava em alerta, e começamos a atuar para restabelecer tudo o que fosse possível”, afirmou Lense. Ele destacou o trabalho da subprefeitura em acessar os locais afetados e garantir suporte emergencial aos moradores.
Ainda no sábado, o secretário estadual de Segurança Pública, coronel Hudson Teixeira, sobrevoou a área atingida ao lado do prefeito para avaliar os danos. O cenário encontrado foi de devastação, especialmente na região de Limeira e Ribeirão Grande, onde a força da água destruiu casas e modificou até o curso do Rio Canavieiras.
O impacto humano e material
A tragédia deixou duas vítimas fatais: o casal Ana Paula Alves Cordeiro, de 20 anos, e Irineu Alves, de 25. Eles moravam em uma propriedade rural próxima à cachoeira no Ribeirão Grande, na localidade de Limeira, quando a forte enxurrada atingiu a região. A casa onde viviam foi arrastada pela força da água, os levando junto. O corpo de Irineu foi encontrado na tarde de sábado (8), em meio a uma plantação de pupunha. Já o corpo de Ana Paula foi localizado na manhã de domingo (9), soterrado pela lama em uma plantação de banana, do outro lado do rio.
Além disso, oito famílias perderam suas casas completamente, enquanto diversas outras sofreram prejuízos, como a perda de móveis e eletrodomésticos.
“Quando chegamos à Limeira, parecia um cenário de guerra. A destruição foi total”, relatou o prefeito. Ele enfatizou a solidariedade da população, que acolheu famílias desalojadas antes mesmo que a Prefeitura precisasse realocar os desabrigados para abrigos oficiais.
Com a diminuição do nível da água, o desafio agora é a reconstrução das moradias e a recuperação da infraestrutura danificada. “Precisamos reconstruir essas casas o quanto antes para garantir um local seguro para essas famílias”, afirmou.
Ajuda humanitária e recuperação da infraestrutura
Segundo Lense, desde o início da tragédia, a Prefeitura e a Defesa Civil organizaram ações emergenciais para fornecer água potável, alimentos e itens de limpeza aos afetados. Foram enviados 52 mil litros de água, colchões, cestas básicas e produtos de higiene para auxiliar na recuperação das casas atingidas pelo barro.
A infraestrutura viária também sofreu impactos severos. Estradas ficaram intransitáveis e pontes foram destruídas, isolando algumas comunidades. A ponte do Cubatão foi danificada, mas já foi restabelecida. No entanto, a localidade de Três Pinheiros segue sem acesso, pois a ponte foi completamente levada pela correnteza.
Além disso, a queda de fios de alta tensão em algumas regiões representa riscos para os moradores. “A Copel já está atuando para resolver esses problemas, mas pedimos que a população tenha cautela ao circular em áreas afetadas”, alertou o prefeito.
Decreto de emergência e impactos na economia
Para viabilizar recursos estaduais e federais para a reconstrução, a Prefeitura está preparando um decreto de emergência. “Estamos elaborando um relatório detalhado dos danos para garantir que os recursos da Defesa Civil cheguem o mais rápido possível”, explicou o prefeito.
Os impactos das chuvas também afetaram a produção agrícola da região. Plantações ficaram submersas por longos períodos, comprometendo a fertilidade do solo e prejudicando agricultores locais. “Vamos buscar apoio do governo estadual para um programa de recuperação do solo, com distribuição de calcário e insumos, para minimizar os prejuízos no setor agrícola”, afirmou Lense.
Outra preocupação envolve os pescadores da baía de Guaratuba. Com o grande volume de água doce e lama descendo das montanhas, a pesca do camarão branco pode ser gravemente prejudicada. “Os camarões devem migrar para o mar, o que impactará diretamente os pequenos pescadores que dependem dessa atividade para sobreviver”, alertou.
Como ajudar
A campanha de arrecadação de doações segue em andamento. Os itens mais necessários neste momento são água potável e produtos de limpeza, como água sanitária, sabão e detergente. As doações podem ser entregues no Espaço Litoral, próximo ao quartel do Corpo de Bombeiros.
Lense reforçou a importância da centralização das doações para garantir que os itens cheguem às famílias mais necessitadas. “Pedimos que as doações sejam organizadas pela Prefeitura para que possamos distribuir de forma eficiente e evitar desperdícios”, destacou.