A Prefeitura de Paranaguá iniciou, nesta terça-feira, 14 de outubro, uma investigação sobre um possível crime ambiental no Jardim Figueira, após o aparecimento de milhares de pequenos objetos plásticos pretos em formato de espiral no manguezal. Técnicos municipais constataram que as peças, conhecidas como mídias biológicas, foram lançadas irregularmente pela empresa Iguá Saneamento.
IMPACTO
As mídias biológicas são estruturas utilizadas no tratamento de esgoto, projetadas para abrigar bactérias que decompõem matéria orgânica. No entanto, o descarte indevido em áreas de preservação representa um risco ambiental e à saúde pública, já que os objetos podem ser ingeridos por peixes e caranguejos ou causar contaminação em humanos.
Foto: Wilson Leandro
Durante a vistoria, o prefeito Adriano Ramos classificou o caso como um “dano irreparável ao patrimônio ambiental”. Segundo ele, as mesmas peças já foram encontradas em Pontal do Paraná, na Ilha do Mel e em comunidades pesqueiras próximas.
“A empresa não pode se justificar. O relatório técnico, feito em parceria com Cagepar e IAT, comprova o descarte irregular”, afirmou.
Adriano Ramos também alertou para os riscos à saúde da população, destacando relatos de moradores com reações na pele após contato com os objetos, que podem conter bactérias potencialmente nocivas.
Foto: Wilson Leandro
INVESTIGAÇÃO
A secretária de Fiscalização das Concessões e Contratos (Semfisc), Isabele Gonçalves Figueira Campos, explicou como o caso foi descoberto.
“As denúncias partiram de moradores e pescadores da região, que alertaram sobre a presença de plásticos no manguezal. Ao investigar, constatamos que um dos locais afetados era o Jardim Figueira, onde uma residente encontrou uma pequena peça nas mãos do filho. Rastreamos a origem e identificamos que os objetos vinham da Estação de Tratamento. Nosso engenheiro ambiental confirmou no local que se tratava de equipamentos essenciais ao tratamento de esgoto, indevidamente descartados em área de preservação. Como destacou o prefeito, o dano ambiental é irreversível e gravíssimo. O crime está comprovado, e agiremos com rigor, em parceria com a Procuradoria da República, para garantir as sanções cabíveis”, disse a secretária.
Foto: Wilson Leandro
RELATOS
Moradores afirmam ter sofrido reações dermatológicas após o contato com os materiais. Eliel, que vive há dois anos no Jardim Figueira, relatou irritação e descamação nas mãos.
“Peguei os objetos na manhã sem saber o que era, e agora minhas mãos estão descascando”, contou. Ele afirmou que, após tocar nos itens, percebeu vermelhidão e descamação. Ainda não se sabe a origem da substância que causou a reação.
Foto: Wilson Leandro
A Prefeitura informou que já acionou o Ministério Público Federal e a Procuradoria da República para tomar as providências legais. Enquanto as investigações seguem, a orientação é que a população evite qualquer contato com as mídias e comunique imediatamente às autoridades caso encontre novos fragmentos.
“Estamos atentos também à segurança alimentar, já que peixes podem ingerir esses plásticos”, completou o prefeito, reforçando a necessidade de fiscalização rigorosa para evitar mais impactos ao ecossistema e às comunidades locais.