Na última segunda-feira (20), a recém-empossada secretária municipal de Saúde de Paranaguá, Patrícia Mossetti Viana Scacalossi, concedeu uma entrevista exclusiva à Ilha do Mel FM sobre os desafios enfrentados e os planos para a melhoria dos serviços de saúde no município. Entre as principais metas da gestão, Patrícia destacou a necessidade de fortalecer a Atenção Básica para reduzir a sobrecarga na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas.
“Quando falamos em saúde, geralmente lembramos da emergência, mas o que buscamos na gestão do prefeito Adriano Ramos é resgatar a Atenção Básica, o cuidado preventivo com a população. A emergência é como ‘apagar incêndios’, mas queremos atuar para que as pessoas não adoeçam e não precisem recorrer ao atendimento emergencial”, afirmou a secretária.
Segundo ela, a Atenção Primária foi encontrada fragilizada, o que contribuiu para o aumento da procura por atendimentos de baixa complexidade na UPA. A unidade, que é a principal porta de entrada para urgências na cidade, tem enfrentado dificuldades devido à superlotação, ocasionada principalmente por casos que deveriam ser tratados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Para mitigar o problema, a nova gestão implementou a “Escala Cinderela”, reforçando o atendimento entre 18h e meia-noite, horário de maior demanda, com a atuação de dois médicos adicionais na UPA.
Desafios herdados e soluções em andamento
Patrícia ressaltou que um dos principais focos da nova gestão é a reestruturação do Programa Saúde da Família (PSF), que foi encontrado com sérias falhas. “Havia unidades de saúde com consultas agendadas para meses à frente, mesmo com profissionais disponíveis, o que é inaceitável”, afirmou.
A secretária também mencionou problemas recorrentes na gestão de escalas médicas na UPA, agravados pelo aumento da demanda durante o verão, período em que viroses comuns no Litoral elevam a procura por atendimento. “Muitas pessoas buscam a UPA para tratar casos de baixa complexidade, como as pulseiras azuis e verdes, que deveriam ser resolvidos na Atenção Básica”, explicou.
Outro entrave encontrado foi o atraso no pagamento dos médicos contratados pela Fundação de Assistência à Saúde de Paranaguá (FASP), decorrente de sucessivas mudanças de gestão e desorganização nas escalas. Segundo Patrícia, todas as vagas do último concurso público foram preenchidas, mas, mesmo assim, empresas credenciadas foram contratadas para cobrir plantões noturnos, finais de semana e feriados. “Estamos reorganizando as escalas para garantir um fluxo eficiente e regularizar os pagamentos”, assegurou. A meta da gestão é reduzir o número de empresas terceirizadas, facilitando o controle e os repasses.

A contratação de médicos também se apresenta como um grande desafio. Patrícia enfatizou que, além da valorização salarial, é fundamental oferecer infraestrutura adequada e boas condições de trabalho para atrair profissionais para Paranaguá. “Não basta um bom salário, precisamos de estrutura que garanta segurança e eficiência no atendimento”, pontuou.
Horário estendido nas UBS
Entre as primeiras ações da nova gestão estão projetos que visam impactar diretamente a população. O programa “Remédio em Casa” foi lançado para atender pacientes acamados ou com dificuldade de locomoção, garantindo a entrega de medicamentos sem a necessidade de deslocamento. Nas ilhas do município, além das consultas itinerantes, os moradores agora recebem os remédios em suas casas, por meio dos agentes comunitários de saúde. “Essa iniciativa traz mais comodidade e garante o acesso ao tratamento”, destacou a secretária.
Outro avanço importante é a ampliação do horário de funcionamento das UBS, inicialmente em seis unidades que passarão a atender até as 21h. A UBS de Alexandra será uma das primeiras a contar com o horário estendido, funcionando das 17h às 21h. “Isso permitirá que a população tenha acesso a consultas sem necessidade de agendamento, facilitando o atendimento de casos menos urgentes”, afirmou Patrícia, que informou que o serviço deverá estar disponível dentro dos próximos 40 dias.
Para suprir a falta de especialistas, a gestão municipal avalia a implementação da telemedicina, permitindo que a população tenha acesso a consultas à distância, além de buscar parcerias para retomar programas como o Mais Médicos, que podem atrair profissionais para a cidade.
Outra novidade anunciada pela secretária é o estudo, em parceria com o Governo do Estado, para a implantação de um Pronto Atendimento Médico (PAM) no município. “Estamos avaliando a viabilidade, mas ainda é uma ideia em fase inicial”, revelou.
Conscientização e participação da população
Finalizando a entrevista, a secretária reforçou a importância do uso correto dos serviços de saúde. “A UPA deve ser buscada apenas em casos de urgência e emergência. Para situações mais simples, como troca de receita ou aplicação de injetáveis, as UBS são o local adequado”, orientou.
Patrícia concluiu agradecendo a compreensão da população e destacou que a gestão tem trabalhado intensamente para superar os desafios do setor. “Estamos há apenas 20 dias no governo e já conseguimos implementar mudanças importantes. Peço paciência e colaboração, pois estamos empenhados em oferecer uma saúde mais digna para todos”, finalizou.
Por Luiza Rampelotti