Por Luiza Rampelotti
A Câmara Municipal de Paranaguá aprovou, na última terça-feira (18), o Requerimento 0039-2025, que solicita o fechamento do Terminal de Ônibus do Parque São João e a relocação dos abrigos para outros pontos da cidade. A proposta, apresentada pelo vereador Marcelo Correa da Costa (Republicanos), o Marcelo Péke, foi aprovada por 12 votos favoráveis e 6 contrários. A medida gerou debate entre parlamentares e moradores, dividindo opiniões nas redes sociais.
De acordo com o vereador Marcelo Péke, o terminal não recebe um grande fluxo de passageiros que justifique sua manutenção. Ele foi concebido para servir como ponto de transbordo para os moradores da região sul da cidade, mas, na prática, esse modelo não se consolidou.
“O ônibus precisa sair da Avenida Bento Munhoz da Rocha Neto, entrar na Rua José Merino, seguir pela Avenida Sebastião Marques, passar pelo terminal e retornar pelo mesmo caminho para continuar seu trajeto aos bairros da região sul. Esse percurso prejudica a fluidez do itinerário, especialmente nos horários de pico”, argumentou Péke no documento apresentado à Câmara.
Além disso, o vereador destacou que o terminal não oferece condições adequadas de segurança para os passageiros. O módulo da Guarda Civil Municipal (GCM), localizado no local, nem sempre conta com a presença de agentes, o que, segundo ele, aumenta a vulnerabilidade de quem passa pelo terminal.
“A medida não trará prejuízos à população, pelo contrário, garantirá maior agilidade no trajeto dos ônibus, reduzindo o tempo de deslocamento. Além disso, os abrigos que hoje estão no terminal poderão ser realocados para bairros que necessitam dessa estrutura”, defendeu Péke.
Votaram contra o fechamento os vereadores Fábio dos Santos (PSDB), Lindonei do Nascimento Santos (PSD), Luiz de Sá Maranhão Neto (PL), Renan Britto (PP), Tenile Xavier (PSD) e Welington Frandji (Podemos).
Repercussão negativa
Após a aprovação da proposta, moradores se manifestaram nas redes sociais, com opiniões divididas. Enquanto alguns concordaram com o fechamento, a maioria defendeu que o local fosse revitalizado ou que houvesse uma consulta pública antes da decisão.
A moradora Jani Carvalho sugeriu melhorias ao invés do fechamento. “Em vez de fechar, poderiam melhorar o local para atender melhor a população”. Já Sirlene Morais destacou a importância do terminal para quem vive na região. “Facilita para os moradores do Parque São João, pois permite pegar qualquer ônibus sem precisar atravessar a Avenida Bento Munhoz. O problema ali é a falta de sinalização, já que há escolas dos dois lados da avenida e muitos motoristas não respeitam a faixa de pedestres”, disse.
Outros apontaram que a decisão pode prejudicar quem depende do transporte público. Emanuele Santos alertou que bairros como Jardim Guaraituba e Santos Dumont serão afetados. “Muitas pessoas usam a linha do São Vicente para ir ao terminal e pegar outros ônibus. Sem o terminal, será necessário andar muito mais até a avenida para pegar outra linha”, comentou. Monica Narcizo Santos reforçou que a opinião da população deveria ser considerada antes da decisão. “Assim como houve estudo para criar esse terminal, deveria haver consulta pública antes de fechá-lo. É um local de conexão que facilita a vida de muitos”, destacou.
Resposta de Péke
Diante da repercussão negativa, o vereador Marcelo Péke gravou um vídeo em suas redes sociais explicando o objetivo do requerimento e negando que a mudança traga prejuízos à população. Ele afirmou que nenhuma linha será retirada ou modificada, e que a proposta visa apenas otimizar o uso do espaço.
“Quero deixar bem claro para vocês que não vai acabar com nenhuma linha, não vai mudar nenhuma rota, pelo contrário, vai melhorar. A ideia é realocar os pontos de ônibus para um espaço onde já há linhas que fazem ponto final. O banheiro do terminal, por exemplo, custa R$ 40 mil por ano de imposto, e R$ 3.250 mensais de aluguel. Esse gasto pode ser eliminado e o espaço reaproveitado de maneira mais eficiente”, disse.
Péke também reforçou a necessidade de mais segurança na região e afirmou que está solicitando reforço da Guarda Municipal. “Já temos GCM à noite, mas queremos um agente fixo durante o dia. Estamos buscando melhorias para esse espaço, que custou R$ 1,5 milhão e hoje não serve à população. As pessoas que fazem translado aqui continuarão fazendo, e quem usa a baldeação poderá pegar o ônibus na avenida, em locais mais seguros, como na frente da escola ou do posto de saúde“, afirmou.
O vereador ainda sugeriu que o espaço poderia ser melhor aproveitado para a construção de serviços públicos. “Aquilo ali poderia ser uma UPA, uma escola. Não tem utilidade nenhuma. Aqueles pontos de ônibus poderiam ser realocados para bairros onde realmente fazem falta. Nosso requerimento foi feito para melhorar o transporte, não para prejudicar. As rotas e linhas continuarão as mesmas, apenas estamos sugerindo desativar a parte que não tem função para a população”, disse.
No entanto, no requerimento aprovado pela Câmara, não há qualquer indicação de estudo técnico ou proposta concreta sobre o futuro do local, nem a previsão de uma consulta pública para definir a melhor destinação do espaço.
Críticas sobre a falta de consulta pública
Apesar da justificativa do vereador, alguns moradores continuam insatisfeitos com a decisão. Marcio Mello criticou a ausência de consulta popular antes da votação. “Em todo esse processo, eu não vi ninguém perguntando para a população o quanto esse fechamento irá afetar a comunidade. Poderia ser feita uma pesquisa para levantar quais melhorias poderiam ser feitas e não somente sair fechando”.
O morador Sandro Bauer também defendeu que o espaço fosse transformado em algo útil para a comunidade. “Quando chove, fica tudo embaixo d’água. Não tem segurança. Foi dinheiro jogado fora. Tem que fechar e pensar em algo que beneficie a população local. Ali seria um bom lugar para um módulo da Guarda Municipal, junto com o SAMU e uma farmácia da Prefeitura, para que a população pudesse retirar medicamentos quando precisasse”.
Por outro lado, alguns moradores apoiaram a medida, como Adimari Mendes, que afirmou: “Se não tem serventia, o melhor é retirar e reaproveitar em outros locais.” Já Gerivaldo Pinheiro da Silva sugeriu um novo uso para o espaço. “Podia virar uma praça com brinquedos para as crianças brincarem.”
Próximos passos
Com a aprovação do requerimento, a secretária municipal de Serviços Urbanos, Chris Rosa, se pronunciou sobre o assunto em entrevista à Ilha do Mel FM. Ela afirmou que ainda não teve acesso ao processo físico e que a Secretaria realizará uma avaliação técnica antes de qualquer decisão.
“Eu não peguei o processo físico ainda. Mas os próximos passos são me reunir com a equipe técnica para avaliarmos o requerimento do vereador Marcelo Péke e, posteriormente, também conversar com o setor jurídico do Município. Vou me inteirar do processo e me reunir com os técnicos”, disse.
A declaração da secretária indica que, até o momento, a Prefeitura ainda não iniciou os trâmites para o fechamento do terminal e que a proposta será analisada antes de qualquer encaminhamento oficial.