O brilho das luzes de Natal se esvai, os presentes são desembrulhados e o aroma de rabanada e panetone se torna uma doce lembrança. Mas, com o encerramento das celebrações de fim de ano, surge a dúvida: quando desmontar a árvore de Natal e os enfeites que tanto encantaram nossos lares? No Brasil, a tradição popular aponta para o dia 6 de janeiro, o Dia de Reis, como o momento de encerrar o ciclo natalino. Mas será que existe um consenso sobre essa data? E qual o significado por trás dessas tradições?
Dia de Reis: uma celebração de fé e significado
De acordo com a liturgia da Igreja Católica e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a desmontagem dos presépios e das árvores de Natal deve ocorrer no Dia de Reis. A celebração faz referência a Baltasar, Gaspar e Melchior, que, guiados por uma estrela, presentearam o recém-nascido Jesus com ouro, incenso e mirra. O episódio é conhecido como a “Epifania do Senhor”, revelando ao mundo o nascimento do Salvador.
Para o Padre Dirson Gonçalves, reitor do Santuário Estadual de Nossa Senhora do Rocio, a simbologia do presépio se destaca ainda mais do que a árvore. “A árvore de Natal já pode ser desmontada, mas, para nós, o principal é o presépio, que nos lembra o nascimento de Jesus. O presépio só é desmontado depois da Festa do Batismo do Senhor, no dia 12 de janeiro”, explica o sacerdote em entrevista à Ilha do Mel FM.
A Festa da Epifania, celebrada no primeiro domingo de janeiro (este ano, dia 5), é parte do ciclo do Natal. “Esse é o momento em que os Reis Magos encontram o Menino Jesus e o adoram, oferecendo seus presentes. Somente após essas celebrações, encerramos oficialmente o ciclo natalino”, acrescenta Padre Dirson.
A visão da Catedral: o tempo litúrgico do Natal
Para enriquecer ainda mais essa discussão, o Padre Emerson Zella, da Catedral Diocesana de Paranaguá, também conversou com a Ilha do Mel FM. Segundo ele, “o tempo litúrgico do Natal do Senhor se estende até a Festa do Batismo do Senhor, que ocorre no segundo domingo após o dia 25 de dezembro. É nessa data que tradicionalmente se desmonta o presépio”.
O Padre Emerson explica ainda o significado da Festa de Reis. “A Festa de Reis, conhecida na Igreja como Festa da Epifania do Senhor, celebra a manifestação do nascimento de Jesus a toda a humanidade. Em 25 de dezembro, essa manifestação ocorreu ao povo de Israel, representado pelos pastores. Já na Epifania, ou Festa dos Santos Reis, celebramos a revelação de Jesus a todos os povos, simbolizados pelos magos que vieram de terras distantes e lhe trouxeram presentes: ouro, representando seu reinado; incenso, simbolizando sua glória divina; e mirra, que aponta para sua humanidade e sua morte redentora“, disse.
Uma data sem consenso
Apesar da força da tradição, o dia 6 de janeiro não é uma data unânime. Nem mesmo dentro da Igreja Católica existe um consenso. O Vaticano, sede mundial da Igreja, orienta seus seguidores a desmontar a árvore e guardar as decorações somente após o Batismo de Cristo, celebração que ocorre após o encerramento da Epifania, no segundo domingo após o dia 25 de dezembro.
Para aqueles que adotam a decoração natalina por razões estéticas ou pelo espírito festivo, sem uma forte ligação religiosa, a data de desmontagem é ainda mais flexível. O momento ideal passa a ser aquele em que a pessoa se sente mais confortável, geralmente no início do mês de janeiro.
Um novo ciclo se inicia
Independentemente da data escolhida, o desmonte das decorações natalinas marca o fim de um ciclo e o início de um novo ano. É um momento para guardar as lembranças das festas, agradecer pelas alegrias e se preparar para as novas oportunidades que estão por vir.